Para diversas culturas, os anos 1990 marcaram como uma das décadas mais icônicas de suas histórias.
Com o futebol não foi diferente e a essência do esporte transpirava através das camisas dos jogadores e torcedores, sempre ensandecidos e festivos.
Hoje, com o aumento exorbitante dos investimentos financeiros na área, essas raízes do futebol se fortaleceram no underground, em campos de várzea e pequenas quadras, que continuam vivendo o amor ao esporte acima de tudo, de um jeito divertido e, muitas vezes, seguido de um bom churrasco no boteco.
Foi esse o ponto de partida da BOLOVO pra sua colab com a RIDER. Juntas, as duas marcas resgataram o espírito futebolista dos anos 1990 em uma coleção de vestuário e chinelos.
Os grafismos da coleção são o ponto forte das peças, todas elas recebidas com festa, na próxima sexta, dia 8, na VOID de São Paulo.
Aqui embaixo você confere o manifesto feito pelas duas marcas, assim como as fotos de divulgação, tiradas no melhor estilo noventista que sobrevive em campos como o do Audax, em Osasco.
“Nós somos do tempo em que estádio não era arena e a torcida não era plateia. Nossa concentração era no boteco. De chinelo, sem camiseta, com o isopor recheado e o tonel enferrujado cheio de carne miando. Lugar marcado não era questão de grana, mas de história e serviços prestados. A gente assistia o jogo quase todo de pé. Numa mão o radinho de pilha e, na outra, a cerveja. Na hora de sentar na arquibancada para descascar o amendoim, a almofadinha surrada e abençoada do vô era sagrada. Que Deus a tenha. Nossa cobertura retrátil? Um boné comemorativo de títulos de alguma década passada – de preferência, uma na qual nem éramos nascidos, mas que sempre provocava o choro quando lembrávamos. Antes de o juizão apitar, rolava um minuto de silêncio em desculpa antecipada à mãe dele. Foi mal, professor. Mesmo quando a culpa não é sua, a culpa é sua. Quando a bola rolava, a cantoria começava. E aí, meus amigos, ninguém segurava. Era aquela multidão abraçada, embalada pela charanga e pelos carrinhos e gritos de ordem do beque central. Os jogadores comemoravam mais seus gols na frente da torcida adversária do que da gente. Atitude moralizante. Nossos ídolos não tinham logos, muito menos assessores. Usavam só uma camiseta por partida. A chuteira? Só preta. Levavam o futebol tão a sério que não fugiam das entrevistas, muito menos dos xingamentos e tretas com os torcedores. O papo era reto e a gol. Na saída, ainda dava tempo de tomar mais uma. O gandula já podia desligar os refletores. Íamos embora com uma certeza: de que no próximo domingo teria mais. Dê férias para o futebol.”