Dia da Terra – Celebre Esse Dia Conhecendo Mais Sobre Iniciativas Sustentáveis Das Marcas Esportivas

22 abr 2020

2020 pode não ser o melhor ano de todos para celebrar o Dia da Terra, já que boa parte da população mundial se encontra em isolamento social em decorrência de uma pandemia.

Quer dizer, partindo do ponto de vista da própria Terra, talvez seja o melhor momento para ela comemorar seu dia com um pouco de calmaria, já que houve uma leve pausa na exploração de seus recursos.

Enfim. Independente do lugar de onde se olha, a atual quarentena tem sido um momento de reflexão para muita gente e é hora de revermos um pouco de nossas posturas e da forma como nos relacionamos com a natureza e o nosso planeta como um todo.

Aproveitando que hoje, 22 de abril, é dia das pautas ambientais ganharem ainda mais visibilidade, resolvemos falar um pouquinho de algumas iniciativas das marcas em direção ao que enxergamos hoje – ou na época em que foram apresentadas – como um mundo melhor.

Nossa primeira viagem no tempo nos leva direto para o ano de 2002. Richard Clark, que na época ocupava um dos principais cargos de direção criativa da NIKE, entrou em contato com jeffstaple para que seu estúdio, o Staple Design, ajudasse na criação de um projeto que fosse completamente sustentável.

O objetivo era desenvolver um tênis que impactasse da menor forma possível o meio ambiente. Foi daí que nasceu o “EcoTech”, que pode ser apontado como o embrião da linha Considered, de 2005.

Considere a história. Considere o presente. Considere o futuro.

Essas são algumas das frases escritas em giz em uma das lousas usadas no comecinho do projeto, onde todas as ideias iam se juntando para materializar a NIKE CONSIDERED.

 

 

A intenção sempre foi de criar um produto que fosse diferente de tudo. A primogênita foi a CONSIDERED BOOT, uma bota da mesma linhagem das feitas sob o guarda-chuvas da ACG, com a prática de atividades ao ar livre como uma de suas inspirações e objetivos.

Couro “cru”, sem tratamentos nocivos à natureza, se juntava com painéis feitos inteiramente de tiras de cânhamo entrelaçadas. Para fazer a junção com o solado, nada de cola.

Protótipo da Considered Boot
Versão final da Considered Boot

Daí pra frente, vários tênis, dentre eles o AIR JORDAN 23 e alguns outros inspirados por silhuetas já bem conhecidas da NIKE, foram criados dentro do mesmo pensamento e seguindo sempre as mesmas regras:

1 – Uso exclusivo de materiais reciclados ou recicláveis.

2 – Proibido o emprego de toxinas e adesivos químicos no processo de construção dos calçados, priorizando ao máximo o uso de propriedades mecânicas para juntar todas as partes do cabedal e solado.

3 – Usar, criar e atualizar tecnologias que favorecessem a criação de um sistema circular, onde os produtos podem ser retornados para dar forma a um totalmente novo. Zero desperdício.

Apesar da energia e das boas intenções, foi questão de (pouco) tempo até que a CONSIDERED virasse apenas um pedaço da história da NIKE.

Se todos os planos apresentados na época pela marca tivessem saído papel, 2020 seria o ano da implementação total das filosofias dessa iniciativa, já que a promessa era da abolição total de todos os materiais e processos danosos ao meio ambiente até o ano em que estamos.

 

Nesse meio tempo, um outro membro da família do Swoosh merece destaque. Lançado pela primeira vez em 2004, o ZVEZDOCHKA foi uma criação conjunta da NIKE com o designer Marc Newson, apresentado como um calçado totalmente sustentável, feito com partes intercambiáveis e substituíveis.

Poucos foram os lançamentos do modelo no decorrer dos anos, mas até hoje é constante a busca de algumas pessoas por um par dele – mesmo com seu polêmico visual.

 

 

Com tudo isso sendo feito pela NIKE, é óbvio que sua principal concorrente tinha a tão esperada carta na manga.

Quase em paralelo com a chegada dos CONSIDERED ao mercado, em 2008, a ADIDAS apresentava a coleção Grün, que em alemão significa “verde”.

A proposta era bem semelhante com a da sua rival. Tênis fabricados com materiais eco-friendly, biodegradáveis e produzidos a partir de sementes, grãos, plantas e outros insumos naturalmente manufaturados pela mãe natureza.

Todos os produtos eram lançados dentro de três pilares: “Reground”, “Recycled” e “Made from”. Mas apesar das boas intenções e objetivos promissores, as coleções Grün também não foram muito longe e só estiveram entre os lançamentos da ADIDAS durante poucas temporadas.

Ainda nesse final da primeira década dos anos 2000, algumas marcas conhecidas pelo seus trabalhos no meio do skate mostraram certa preocupação com as causas ambientais e lançaram seus próprios produtos e projetos ecológicos.

Em 2008 e 2009, respectivamente, a LAKAI apresentou a linha Recycled, com versões do KOSTON ONE e CODA feitas de materiais reaproveitados/reciclados, e a VANS lançou a versão ECO do ERA LX, também com a mesma proposta.

 

Pouco – ou nada – conhecido nos dias de hoje, o 070 “Eco Trail” foi um tênis para corridas fora do circuito urbano e trilhas, lançado em 2010 pela NEW BALANCE.

Construído com materiais reciclados, cola à base d’água e um solado feito de casca de arroz fundida, o modelo chegou às lojas em algumas poucas colorways e depois foi mandado direto para a geladeira.

No ano seguinte, em 2012, a NIKE apresentou a campanha BETTER WORLD, que usava um hotsite para noticiar e registrar todos os seus passos rumo a um mundo melhor.

Através do site da NIKE BETTER WORLD (que perdeu esse nome mas segue com o mesmo objetivo), a marca do Swoosh descrevia boa parte de suas ações sustentáveis, como o uso de poliéster reciclado, retirado de garrafas PET, nas camisas de futebol.

Na época, a NIKE registrava o uso de 7-8 garrafas por camisa. O resultado era uma peça produzida com redução de 30% no consumo de energia, 20% de aumento de sua resistência e 23% mais leve, quando comparada com as camisas de poliéster totalmente virgem.

O PUMA SUEDE, como o próprio nome já diz, sempre teve a camurça – suede, em inglês – como principal material usado em seu cabedal.

Também em 2011, o clássico da marca alemã ganhou uma versão batizada como RE-SUEDE, feita com materiais reciclados, sem adição de nada de origem animal ou que agredisse o meio ambiente.

O cabedal era feito com fibras de poliéster retiradas de painéis de televisores de plasma que foram jogados no lixo. Para produzir o solado, fibras de arroz eram usadas no lugar da borracha natural.

Como boa marca esportiva que é, a NIKE precisava se mostrar mais sustentável no meio de algum esporte. A decisão foi por colocar nos gramados a chuteira GREEN SPEED.

A “chuteira verde da NIKE”, que chegou no Brasil custando quase R$1.500 em 2012, tinha grande parte de sua composição feita de: mamonas. Isso mesmo, mamonas – mas não as assassinas, claro.

Através da combinação dessa plantinha espetada com vários outros materiais igualmente eco-friendly, cabedal, solado e quase todos os outros elementos da GREEN SPEED foram fabricados. Curioso, né?!

De acordo com a marca, a chuteira pesava apenas 160 gramas por pé de tamanho 9US e usava pouquíssimos componentes que não fossem reciclados, recicláveis ou feitos a partir de derivados da mamona.

Acompanhando o ano de lançamento, apenas 2012 unidades foram produzidas, todas numeradas.

Hora de pular para 2015.

Foi nesse ano que veio a público a parceria da ADIDAS com a PARLEY, uma organização que une profissionais de várias áreas com um objetivo: diminuir a quantidade de garrafas e outros resíduos plásticos dos oceanos.

Depois de retirados, esses plásticos viram fibras que podem ser usadas pela indústria de diversas formas. Com a ADIDAS, o primeiro passo foi dado com uma versão limitadíssima do ULTRABOOST, que teve apenas 100 pares distribuídos entre alguns sortudos e pessoas da indústria dos tênis, tecnologia e esportes mundo afora.

Para a nossa alegria, parece que uma distribuição mais ampla desse modelo, com pequenas alterações em seu cabedal, está sendo preparada para esse ano. Tomara!

Essa é uma das iniciativas que até hoje se prolifera e aumenta cada vez mais sua atuação, produzindo inúmeros tipos de produtos. Se quiser saber mais, vale vasculhar aqui.

Infelizmente, quase sempre os clássicos ficam de fora dessas iniciativas. Felizmente, isso tem mudado.

Foi em 2017 que Arthur Huang usou parte de seu extenso conhecimento na área de arquitetura, engenharia e no reaproveitamento de materiais para criar um AIR MAX 1 em parceria com a NIKE.

Embalado uma caixa bem especial, o tênis era composto por painéis de Flyknit e de materiais reciclados, sempre na cor preta e sem o uso de pigmentos prejudiciais ao meio ambiente.

Ainda em 2017, a NIKE apresentou o Flyleather. O material é feito a partir de restos do couro, transformados em fibras e misturados com outros materiais sintéticos, através de um processo hídrico. A partir daí, esse composto é finalizado, o que pode envolver pigmentação, e colocado em rolos, onde pode ser cortado como se fosse uma peça normal de couro.

A marca informa que o Flyleather economiza cerca de 90% de água em sua produção, quando comparado ao couro “full-grain”, além de ser 40% mais leve, 80% menos poluente e 5 vezes mais durável.

E a melhor disso tudo é que o material foi usado logo de cara em alguns queridinhos da marca, como o AIR MAX 90, AIR FORCE 1, AIR JORDAN 1 e CORTEZ.

O AIR FORCE 1 merece um destaque nessa história, já que a dupla de AF1 lançada em parceria com a A-COLD-WALL* tinha seus cabedais feitos de Flyleather, detalhe que muita gente deixou passar batido e mostra que o material pode ser empregado até mesmo nos produtos mais especiais da marca.

A REEBOK entrou na jogada em 2018 com o projeto Cotton + Corn. Como seu nome já entrega, o algodão e o milho são as matérias-prima principais da construção do NPC UK e do FLOATRIDE GROW, dupla que deu os primeiros passos da marca nesse ambiente ecologicamente amigável.

Inclusive, não tem como deixar passar um detalhe: o NPC UK chegou ao Brasil e tem um preço super acessível! Quem disse que pra entrar nessa “moda” (com muitas aspas) precisa gastar muito?

Em 2019 foi a vez da KANGAROOS demonstrar sua preocupação com o meio-ambiente. Em parceria com a Bracenet, que fabrica pulseiras feitas com material retirado de redes de pesca descartadas indevidamente nos oceanos, a marca lançou uma nova edição do OMNIRUN.

O nome completo dado ao tênis, que teve apenas 380 unidades produzidas, foi OMNIRUN OCEAN 72 e sua construção também contou com painéis feitos com material de garrafas PET recicladas, fechando o pacote amigo da natureza.

 

De volta à NEW BALANCE, precisamos falar do projeto < TEST_RUN >, onde a marca tem feito alguns de seus mais avançados experimentos.

No terceiro fruto dessa iniciativa a NB usou restos de materiais têxteis e de espuma Fresh Foam – que geralmente não teriam grande serventia – para construir por completo um novo modelo. O resultado foi o TEXT RUN PROJECT 3.0, super colorido e com pés totalmente diferentes um do outro.

 

 

A aproximação dos Jogos Olímpicos sempre esquentaram os fornos de onde saem grandes inovações da marca. Nesse ano, antes de imaginarmos que estaríamos passando pela atual situação de saúde global, a NIKE apresentou a coleção Space Hippie.

Com o menor índice de emissão de carbono da história da marca, a coleção foi toda construída em cima da atual filosofia adotada pela NIKE, a MOVE TO ZERO, que volta a promover a baixa de poluentes e de impacto na natureza durante os processos de fabricação dos produtos.

Quatro tênis, todos com um visual que fica entre o espacial e o sustentável, foram apresentados na coleção e devem começar a chegar às lojas nos próximos meses. Conheça mais sobre eles clicando aqui.

 

É claro que não falamos de absolutamente tudo o que já foi feito pela marcas esportivas no decorrer de todos esses anos, mas é importante dar uma atenção extra para todas essas ações e também para tudo o que vem sendo feito dia após dia pelas pessoas e pela indústria.

A natureza tem dado cada vez mais indícios de que precisamos de medidas urgentes para minimizar as agressões à ela e precisamos de atenção.

Bônus:

Quem não pode passar batido quando o assunto é preocupação com o impacto ambiental é a VERT, também conhecida como VEJA (nome não adotado no Brasil por problemas legais).

Desde sua fundação, que envolve sangue brasileiro e francês, a VERT tem mostrado como é que se fabrica produtos de qualidade sem pecar no seu processo de desenvolvimento.

Para se inteirar mais sobre a marca e sobre a forma como trabalha, clique aqui.

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