Diretor Senior De Criação Da Família Air Max, Dylan Raasch Fala Conosco Sobre O Air Max 270

Responsável pela criação do ROSHE RUN – hoje conhecido como ROSHE ONE – e do AIR MAX THEA, dentre outros sucessos recentes da NIKE, Dylan Raasch é diretor senior de criação de NIKE SPORTSWEAR, mais especificamente o responsável por tudo o que acontece com a família AIR MAX.

Ninguém melhor do que ele, então, para falar conosco, com exclusividade, sobre a criação do AIR MAX 27 0, que ganha as lojas do Brasil inteiro a partir de hoje, dia 2 de março, abrindo, oficialmente, os festejos pelo mês do AIR MAX.

Como começou o projeto do AIR MAX 270? Qual era o pedido inicial?

Meu time é desafiado a sempre criar novas expressões de AIR MAX e, durante nossas viagens, nós conversamos bastante com pessoas que procuram por conforto, ao invés de performance. Depois de alguns conceitos iniciais, percebemos que tinha alguma coisa aí e criamos um brief para chegarmos ao primeiro AIR MAX de lifestyle, com uma unidade de AIR desenhada, especificamente, para o conforto. Isso nos abriu uma porta que permitiu explorarmos novas direções dentro da família AIR MAX.

Sendo essa a primeira vez que a NIKE cria uma unidade de AIR especificamente para o lifestyle, quais foram os maiores desafios que vocês enfrentaram durante o processo de design/desenvolvimento?

Sim, o AIR MAX 270 é o primeiro. Um dos maiores desafios que enfrentamos foi quão grande poderia ser a unidade de AIR. Depois de vários rounds de desenvolvimento e testes, eventualmente chegamos na mais alta unidade já criada, com 32mm de altura. Exploramos diferentes tamanhos, mas achamos que esse era perfeito para não comprometer a performance, conforto ou durabilidade.

O que veio primeiro, a cápsula de AIR ou o cabedal?

Nós criamos um modelo conceitual que era uma proposta para uma versão “over-sized” do AIR MAX 180 e do AIR MAX 93. O objetivo era testar o conceito para, a partir daí, começar o processo de desenvolvimento. Então, basicamente, tudo começou ao mesmo tempo.

Nós escolhemos essa unidade de AIR de 32mm porque, aplicada ao calcanhar, ela tinha a altura perfeita para acomodar o volume de ar que precisávamos, criando uma nova sensação, mas ainda performando dentro dos nossos padrões.

Como você enxerga a evolução da família MAX a partir de agora? E como a tecnologia AIR MAX se encaixa nesse mercado tomado por novidades, como o REACT?

Acho que criamos uma nova dimensão para a família AIR MAX ao focar no conforto e na inovação. Nós ainda temos como objetivo evoluir o VAPORMAX como a proposta máxima de performance para o AIR e ainda temos todo o nosso arquivo de modelos clássicos para explorar.

Tradicionalmente, os AIR MAX falavam sobre performance e inovação para corrida, mas agora estamos concentrando nossos esforços na inovação voltada para o conforto. O surgimento de outros sistemas, como o REACT, nos dá a possibilidade de melhorar ainda mais o quesito “conforto” dos tênis, uma vez que descubramos como integrá-los à família AIR MAX.

Que tipo de consumidor você enxerga usando o 270 e qual lugar o modelo ocuparia no cenário atual de sneakers, dominado por colaborações hypadas e ‘dad shoes’?

O AIR MAX 270 foi desenhado para ser aquele tênis de todo dia, de alguém que é fã da família AIR MAX. Simples assim. Nosso objetivo era criar um desenho atraente e sentimos que ele poderia criar seu próprio espaço no mercado de tênis.
Colaborações hypadas e ‘dad shoes’ têm seus espaços, mas não achamos que precisávamos dessa fórmula, mergulhar nessa tendência ou usar um colaborador para criar desejo em torno do modelo. Nós queríamos que o AIR MAX 270 falasse por si só.

Como pai de alguns dos maiores sucessos recentes da NIKE em anos (o ROSHE, definitivamente, começou essa onda dos modelos confortáveis e modernos), como você analisa o mercado de tênis, de uma maneira geral, e o que você acha que pode ser a próxima grande tendência?

Pra ser honesto, eu acho que o mercado está meio sem inspiração. Se eu tivesse que usar uma analogia, diria que algumas marcas pegaram a ideia do “modern comfort” e transformaram em uma vaca leiteira: tiraram o leite, mas esqueceram de alimentar a vaca.

Isso ficou mais aparente nos últimos dois anos e abriu portas para que marcas de moda passassem a ter influência nessa conversa sobre sneakers.
Até acho que existe espaço para isso, mas na NIKE nós não nos consideramos uma marca de moda.
Isso não quer dizer que nós não influenciamos a moda, porque nós influenciamos. Mas em termos de criação nós sempre procuramos inovar para os atletas e ouvindo nossos consumidores. Isso cria novas ideias, o que pode, ou não, se tornar uma tendência, como o que aconteceu com o ROSHE.
Com o foco centrado em inovação e histórias bem contadas, eu acredito que os produtos que desenhamos criam uma conexão emocional e funcional com as pessoas. E os tênis têm essa habilidade de transcender tendências.