Sobre Air Foamposite One, Penny Hardaway, O Conturbado Final De Semana E Rumos Do Mercado Sneakerhead

27 fev 2012
Por: Luís

Um final de semana marcado pelo tradicional jogo entre as conferências leste e oeste da NBA e pelo lançamento, também tradicional, de modelos comemorativos (não só da NIKE) acabou se transformando em uma grande confusão sneakerhead, talvez a maior de toda a história.
Mas o que levou o FOAMPOSITE ONE GALAXY a atingir tamanho hype, levando, de carona, os outros modelos do pacote lançado pelas divisões SPORTSWEAR e BASKETBALL da NIKE? E qual impacto do final de semana que passou nos lançamentos futuros de edições limitadas?

Essas respostas não são tão simples e valem alguns minutos de uma investigação um pouco mais profunda, que passa pela transformação, sem volta, a que deve ser submetido o mercado internacional de sneakers a partir de agora, sobretudo nos Estados Unidos.

Média de pontos superior a 20 e 7 assistências por partida. Recorde de 57 vitórias na temporada regular. Titular do ALL-STAR GAME, eleito para o primeiro time do ALL NBA e o vice campeonato da liga. Foram esses os feitos de PENNY HARDWAY em sua segunda temporada de NBA, em 1994-95.
No ano seguinte, uma lesão de SHAQUILLE força PENNY a comandar seu time sozinho. Sem problema: recorde de 60 vitórias, média de 27 pontos por partida e 6,5 assistências. Eleição como titular do ALL-STAR GAME e único jogador acima de 20 pontos por partida e 5 assistências, pela segunda vez.
Em 1996 PENNY ganha, ainda, medalha de ouro nos jogos de Atlanta, sendo fundamental nas quartas de final e na final, marcando mais de 15 pontos por jogo.

A história prossegue com a partida de O’NEAL em 1996-97 e sucessivas lesões de PENNY. Apesar disso, o jogador manteve mais de 20 pontos por partida e 5 assistências, além de conseguir 45 vitórias, ser eleito pela terceira vez seguida para o time titular do ALL-STAR GAME e para o terceiro time do ALL-NBA. Sua média de pontos na temporada inteira foi de 31, contra 31,1, de MICHAEL JORDAN.
A partir daí PENNY HARDAWAY teve que conviver com lesões no joelho e times inconstantes, ainda mantendo altas médias de pontos, mas jogando poucos jogos por temporada.
Sua carreira em declínio, até a aposentadoria em 2008.

Seu currículo e atuações pelo ORLANDO MAGIC foram suficientes para que a NIKE escolhesse PENNY para um modelo próprio. Ao se encontrar com o lendário designer ERIC AVAR, hoje diretor criativo da NIKE INNOVATION KITCHEN, e observar vários modelos, sem sucesso, HARDAWAY pediu para ver no que a NIKE trabalhava de mais moderno. Foi quando AVAR mostrou um tênis neon, moldado em uma única peça, com visual diferente de tudo que já existia até então. Era a gestação do AIR FOAMPOSITE.


PENNY se apaixonou pelo calçado e ele foi escolhido como seu signature model, lançado em 1997, gerando uma busca por modelos cada vez mais leves, o que resultaria no FLIGHTPOSITE.
O modelo chamou atenção pelo seu visual único, como se tivesse sido esculpido de uma só peça, além de sua elevada tecnologia e preço – 180 dólares – e também por ser calçado por um dos jogadores mais consistentes da liga.
Os moldes do  original foram destruídos, sendo necessária a construção de novos para o resgate que do FOAMPOSITE, que aconteceu em 2007, e tem acontecido com certa frequência ao longo dos últimos 4 anos.
O legado do tênis de PENNY pode ser visto em modelos como o TOTAL AIR FOAMPOSITE MAX – usado por TIM DUNCAN – e pelo AIR FOAMPOSITE PRO, que deveria ser o modelo de SCOTTIE PIPPEN, além claro dos modelos assinado pelo próprio PENNY e do FLIGHTPOSITE.
Mais recentemente o hibrido ZOOM ROCKIE mostrou o poder do seu nome entre os sneakerheads, afinal até MICHAEL JORDAN usou um dos modelos de PENNY: em 1995 JORDAN usou um AIR FLIGHT ONE preto e branco (away) com o logo do colega recortado, devido ao seu recém lançado XI não responder às regras de uniforme.

Mas, voltando para 2012, será que somente o histórico de sucesso do jogador e do seu promodel, lançado 15 anos atrás, justificariam toda a confusão “inesperada” em torno do GALACTIC PACK, especialmente do FOAMPOSITE ONE GALAXY?

Fatos do final de semana (que começaram na última sexta e você conferiu por aqui): filas com três mil pessoas, disputando supostos 150 pares em batalhas campais entre consumidores e a polícia, que foi obrigada a usar ate helicópteros em uma delas. Filas que duraram toda a semana e o medo de que algo ainda mais grave do que aconteceu no lançamento do AIR JORDAN XI CONCORD voltasse a acontecer obrigou o cancelamento das vendas em muitas lojas, além da proibição das filas onde as vendas foram mantidas. Na Florida, aonde aconteceu a pior confusão, há relatos (não comprovados) de gente esfaqueada, e o lançamento foi cancelado por completo.
Sim, continuamos falando apenas do lançamento de um tênis.

 

Desde o seu retorno, cada nova cor do AIR FOAMPOSITE ONE sempre causa muita comoção, mas o GALAXY é o primeiro a ser lançado com cabedal estampado, e isso, obviamente, chamou ainda mais atenção dos fãs que se preparam meses antes para conseguir sue par embalados por infindáveis prévias divulgadas nos sites, fóruns e blogs.


Pode-se, ainda, imaginar os efeitos que a temporada conturbada da NBA em 2011-2012, causou no lançamento do modelo, afinal o que se viu depois de um intervalo de mais de cinco vezes foi uma temporada reduzida e de jogos apagados. Os fãs precisavam de algo para amar.
A liga tratou de criar muito barulho em torno do ALL STAR WEEKEND e até o próprio PENNY foi chamado para o jogo entre celebridades.

Some-se a isso um dos packs ALL STAR GAME mais fortes dos últimos anos, uma história bem contada, ligada a um atleta de sucesso e à proximidade geográfica do jogo com um dos ícones da cultura norte-americana, a NASA, além d fãs desesperados por algum “fenômeno” em que se apegar, que o diga JEREMY LIN.

A fórmula, que prometia ser um sucesso, extrapolou os limites do aceitável. E comprar tênis virou, para muitos, um estresse.

Em tempos em que uma grande parcela dos “sneakerheads” não busca seus modelos preferidos, mas sim os mais raros, limitados e hypados, como simples maneira de conquistar um dito status na cena, é óbvio que um modelo supostamente tão limitado geraria confusão, mas será que alguém esperava mesmo tamanho tumulto?
E será que esse tumulto foi bom para alguém – marca, lojas ou consumidores?

O que se viu no final de semana foi um questionamento sobre a validade desse modelo baseado em sites buscando audiência fácil, hypando um modelo, ou criando sensacionalismo sobre seu lançamento, e resellers especulando no eBay, em que os disputados exemplares aparecem por valores absurdos num primeiro momento para depois de perderam o ar de novidade serem vendidos por valores próximos do retail.

Filas pra comprar tênis não são novidades e, provavelmente, não devem acabar tão cedo. Mas violência não é, definitivamente, em elemento bem-vindo.

Colaborou: Ricardo Nunes

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