Uma sigla, três nomes e muitos significados, todos eles orbitando em torno da inovação.
Tem sido assim desde 2002, quando foi lançado o primeiro produto sob a denominação HTM – de HIROSHI (FUJIWARA), TINKER (HATFIELD) e MARK (PARKER).
Numa série de posts (pra lá de) especiais, dissecaremos esses 14 anos de existência da trinca sagrada do universo sneakerhead, primeiro como expectadores de um papo entre cada um dos seus componentes, três dos nomes mais respeitados do mercado que representa o ponto de intersecção entre esporte, moda, design e cultura urbana.
Dois deles, Tinker Hatfield e Mark Parker são velhos conhecidos e duas das peças fundamentais para a construção da Nike que temos hoje, tanto como negócio, quanto como criadora de alguns dos mais icônicos produtos esportivos do mercado.
O primeiro, Tinker, entrou na companhia como discípulo de Bill Bowerman, um dos fundadores da companhia do Oregon e seu treinador, quando era apenas um estudante de arquitetura que se dedicava também ao atletismo.
Depois, foi contratado como arquiteto de lojas e outros espaços comerciais, para, em seguida, se juntar ao time de designers depois de vencer um inusitado desafio – e virar o pai de alguns dos mais famosos tênis da história, o que inclui boa parte da família Air Max.
O segundo, Mark, é designer por formação e hoje ocupa o mais alto posto na cadeia de executivos da empresa – CEO de Nike Inc. – mas seu currículo inclui participação, como desenvolvedor, no processo de criação e lançamento de alguns dos mais importantes produtos da companhia, junto com o amigo Tinker, o que, de novo, inclui boa parte da família Air Max.
Hiroshi veio a se juntar ao time depois, adicionando a expertise de quem é considerado o “poderoso chefão” do streetwear japonês, com participação no sucesso de marcas como BAPE (junto com Nigo), Undercover (do amigo Jun Takahasi) e da sua própria Fragment Design, cuja lista de clientes vai de Starbucks a Levi’s, passando pelos franceses da A.P.C e pela própria Nike.
Reunido em um papo raro com a imprensa, o trio fala sobre o início da parceria, seu legado, sobre oportunidade, o trabalho com Kobe Bryant e o futuro da NIKE.
O INÍCIO
Hiroshi Fujiwara: Quando eu me encontrei com Mark pela primeira ou segunda vez, antes dele se tornar o CEO, ele me perguntou: “Se você tivesse que fazer alguma coisa com a Nike, o que seria?” Eu respondi que eu queria ajudar a aprimorar determinados modelos.
Mark Parker: Eu tinha entrado em contato com Hiroshi para conhecê-lo. Através desse diálogo, Tinker entrou em cena. Havia uma sensação de que, em vez de apenas falar sobre as ideias, poderíamos colaborar, transformar nossas ideias em formas e, se gostássemos, lançar o produto finalizado.
Tinker Hatfield: Tenho certeza de que o HTM, em última análise, foi ideia de Mark. Parece-me, retrospectivamente, que isto é o que ele faz melhor. Ele realmente sabe como reunir as pessoas certas.
Mark Parker: Ao unir pessoas com mentes abertas e respeito mútuo, temos um diálogo puro, orgânico e não filtrado. É um processo criativo poderoso – que estamos sempre tentando explorar.
Hiroshi Fujiwara: Outras empresas utilizaram siglas para representar colaborações, como um nome em código, eu usei HTM para representar Hiroshi, Tinker e Mark. Mas eu nunca pensei que esse passaria a ser o nome oficial.
Mark Parker: Demos ao projeto a sua própria identidade, colocando nossas iniciais nele, o que de início não significou nada para a maioria das pessoas quando o viram. Mas o nome “HTM” representou cada uma de nossas impressões digitais no processo.
A EQUIPE
Mark Parker: Ambos, Hiroshi e Tinker, são parceiros criativos maravilhosos. Hiroshi é mais um estilista-designer do que um designer puro. Ele tem um senso de estilo, praticidade e simplicidade. Seu olhar sobre como os designs se encaixam no estilo de vida cotidiano é inestimável. Tinker é um mágico para combinar design, inovação, performance e estilo de forma única.
Tinker Hatfield: Mark desempenha o papel que ele sempre desempenhou. Ele é um designer, mas ele também é um desenvolvedor, e passou um tempo no laboratório. Além disso, ele sempre teve a visão para escolher as pessoas certas com quem trabalhar e os projetos certos para trabalhar. Ele também é um gênio em refinamento, curadoria e reorganização. Por exemplo, seu escritório tem uma curadoria maravilhosa. Há arte e itens de recordação de esferas diferentes momentos da jornada dele. Mas de alguma forma, quando juntos, eles fazem sentido. É um símbolo da maneira como ele pensa.
A primeira colaboração HTM foi lançada em 2002, com uma visão nova sobre o icônico Air Force 1. A partir da abordagem que definiu a cultura dos apreciadores do Japão, a silhueta ganhou couro premium, em tons de preto ou marrom, e detalhes como a inscrição “HTM ” nas palmilhas e costuras contrastantes.
A OPORTUNIDADE
Mark Parker: A (linha) HTM é um lugar para brincar, experimentar e testar novos conceitos. É uma saída criativa para criar uma nova estética, empregar um material novo, ou explorar uma nova solução de performance. Mas não importa a silhueta, HTM nos dá a liberdade de inventar sem regras ou expectativas formais de comercializar algo em grande escala. O projeto é rápido e extremamente recompensador.
Tinker Hatfield: No início, o HTM foi um exercício de utilização de cores e materiais inesperados para aprimorar designs clássicos.
Hiroshi Fujiwara: Esta foi uma época em que os tênis de luxo não eram tão comuns. Assim, no início, o HTM se tornou uma oportunidade para adicionar um toque de luxo aos tênis.
Mark Parker: Com HTM, não há realmente nenhuma restrição. Nós não precisamos nos preocupar em nos comprometer com materiais ou estruturas, porque o produto precisa ter um certo nível de preço. Fazemos coisas que acreditamos que deixem o tênis mais interessante. Então, nós provavelmente ultrapassamos alguns limites do processo convencional. O Air Force 1 foi um exemplo disso, pois usamos couro e costuras incrivelmente sofisticadas. Tudo foi refinado.
O HTM evoluiu em 2004 para destacar novos conceitos de design. Talvez nenhum conceito do HTM naquele momento fosse tão ambicioso quanto o Nike Sock Dart. Canalizando o espírito inovador do pioneiro Nike Sock Racer, o tênis utilizou uma tecnologia computadorizada de malha em seu cabedal, ofereceu suporte extra com a sua pulseira de silicone ajustada, e foi construído sobre uma unidade única de solado particularmente progressista.
TRABALHANDO COM KOBE
Em 2014, o HTM lidou com o basquete pela primeira vez. O KOBE IX Elite Low HTM foi o primeiro tênis com Nike Flyknit de cano médio criado para prática do basquete na história, transcendendo as fronteiras entre a quadra e a cultura. Cadarços manchados e escamas de cobra reflexivas acompanharam a abordagem obsessiva com os detalhes da linha – e a própria abordagem implacável de Bryant em relação ao calçado.
Hiroshi Fujiwara: O KOBE IX Elite Low HTM nos deu a oportunidade de celebrar o quanto o Flyknit tinha evoluído. O que foi usado pela primeira vez para corrida poderia agora ser usado para os movimentos intensos e diagonais de basquete.
Tinker Hatfield: Claro que eu não estive realmente envolvido na concepção deste tênis, mas eu me sentei ao lado de Eric Avar ao longo do seu desenvolvimento e eu, pessoalmente, acho que este é um dos produtos mais testados, mais bem trabalhados, mais bem desenhados que criamos. É uma excelente combinação entre a tecnologia e a visão do atleta.
Mark Parker: Kobe ficou animado com ele. Ele é um fanático por tênis, então eu acho que ele ficou emocionado e honrado em fazer parte da HTM.
UMA VISÃO GERAL DO FUTURO DA NIKE
Hiroshi Fujiwara: Ao invés de atualizar o que já existia, o HTM começou a lançar novas ideias pela primeira vez.
Tinker Hatfield: A concepção era realmente inovar por meio de novas tecnologias. A HTM tornou-se um caminho para que pudéssemos reagir rapidamente a novas ideias e lançar novos conceitos fora do cronograma de produto tradicional. Trabalhamos como uma equipe pequena, o que nos dá a liberdade e a flexibilidade para experimentar e, por fim, levar novos conceitos e tecnologias para o mercado, que estão muitas vezes à frente do seu tempo.
Mark Parker: O Sock Dart resultou de uma brincadeira de Tinker na Innovation Kitchen. O projeto era simples e astuto – um tênis de referência para os meses de verão. Mas também era moderno, sofisticado e progressivo.
Tinker Hatfield: Foi um projeto desafiador que envolveu malha circular, que dizíamos a todos ser o futuro do design de calçados. Mas não fabricamos muitos modelos quando originalmente lançamos o tênis e ninguém realmente o viu. Logo em seguida, se me lembro bem , Hiroshi queria trazê-lo para o HTM.
Hiroshi Fujiwara: Mais tarde, no Japão, eu o vi sendo vendido. Eu disse repetidamente para Mark e Tinker que o tênis era futurista e interessante, e que deveríamos trazê-lo de volta. Por isso, decidimos aprimorá-lo com o HTM.
Tinker Hatfield: Um dos motivos pelo qual eu participei de um projeto desta natureza é que ele oferece a você a oportunidade de descobrir algumas preciosidades que ninguém realmente presta atenção. Ao fazer isso, você pode despertar o pensamento sobre o design do futuro. O Sock Dart ajudou as pessoas a repensar alguns projetos futuros, pois nós estávamos começando a trabalhar muito com malha e este era um tênis muito avançado e futurista.
Oito anos depois, o trabalho da Nike com malha daria um grande salto, pois a empresa introduziu a revolucionária tecnologia Flyknit. O HTM serviu como ponto de partida para o novo conceito, introduzindo a tecnologia de suporte, leve e sustentável no Nike HTM Flyknit Racer e Nike HTM Flyknit Trainer+.
Mark Parker: Nós ficamos, e ainda estamos, incrivelmente animados com o potencial do Flyknit, não apenas em termos de oferta de uma nova estética, ou abertura de novas possibilidades para a sustentabilidade, mas também do ponto de vista de performance.
Hiroshi Fujiwara: Os tênis Flyknit parecem tão simples, mas eles são incrivelmente técnicos. Eu entendi o quão incrível a tecnologia era. Mas com as primeiras amostras, foi difícil ver se o tênis realmente tinha um cabedal de malha. Para deixar a estrutura de malha e sem costura mais visível, eu aconselhei a equipe a usar cores para explicar o conceito, misturando os diferentes fios coloridos.
Tinker Hatfield: A HTM nos ofereceu a oportunidade de facilitar um pouco a entrada da tecnologia no mercado. Conseguimos aprender com o lançamento, fazer com que as pessoas notassem a tecnologia, e em seguida, crescer. Então, este lançamento do Flyknit, para mim, é o melhor exemplo do propósito e potencial da HTM.
O LEGADO HTM
Mark Parker: No seu início, o HTM foi muito espontâneo, não foi uma jogada de marketing deliberada. Nasceu em grande parte a partir de uma motivação pessoal. Nos dá a oportunidade de brincar, fazer algumas coisas que queremos fazer e expressar-nos por meio do produto.
Tinker Hatfield: Ao longo da história, negócios foram criados com base na inovação e em coisas que ninguém jamais fez. A HTM tem sido um dos caminhos mais claros para este objetivo final. É um projeto extremamente gratificante. Estou honrado de fazer parte dele. Além disso, é muito divertido. Nós quebramos regras. Como não gostar disso?
Nos próximos posts da série, faremos um passeio por todos os modelos HTM já lançados até agora e conheceremos melhor cada um dos três componentes da tríade. Não vai perder!
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