#NMDSBR – As Origens Do Adidas NMD – Capítulo 4: BOOST

15 mar 2016

Desbancar o EVA do trono de “amortecimento mais usado da indústria esportiva” parecia um objetivo um tanto quanto ambicioso. Mas foi assim que a ADIDAS apresentou o BOOST, três anos atrás, prometendo “mudar para sempre o mercado dos tênis para corrida”.

No quarto capítulo da nossa série que investiga as origens do NMD, conhecemos melhor um dos componentes futuristas da nova família de modelos, criada a partir do desejo de experimentar, de unir o DNA dos tênis do passado com tecnologias de ponta desenvolvida para os tênis de corrida, em busca de modelos casuais perfeitos para uma exploração urbana sem limites.

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Antes de começar, de fato, nossa matéria, vale aqui um parágrafo um tanto quanto “científico”: o EVA – ou espuma vinílica acetinada, abrasileiramento do inglês Etylene Vinil Acetate – é o tipo de material mais comumente usado nas entressolas dos calçados esportivos, e dos calçados em geral que se propõem oferecer algum tipo de amortecimento. Apesar de sua popularidade, o polímero enfrenta alguns problemas (na verdade, características inerentes a sua composição) que vão desde a capacidade limitada de se deformar e retornar ao estágio original, diminuindo a vida útil do tênis, até a baixa resposta em uma determinada faixa de temperatura.

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Foi atacando três desses pontos fracos do EVA que a divisão para corrida da adidas introduziu no mercado o BOOST, um composto baseado em termo poliuretano soprado que, de cara, era diferente de qualquer outro sistema de amortecimento, por se apresentar em forma de cápsulas, ou células, que, quando unidas, prometiam oferecer “energia infinita”.

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De novo, cabem aqui algumas frases científicas: o TPU, ou termo poliuretano, é uma classe dos plásticos poliuretanos muito usada nos tênis para corrida, a partir dos anos 1980, graças a propriedades que incluem elasticidade e resistência à abrasão. Mais firme do que o EVA, o PU (sem o T, de térmico, quando é mais usado em áreas de suporte), promete um retorno de energia mais eficiente durante a pisada e é velho conhecido da comunidade sneakerhead graças ao (maldito) fenômeno da hidrólise, que faz com que as entressolas dos tênis esfarelem depois de alguns anos de existência.

A extinção dessa dualidade entre “tênis macios, que não entregam tanto amortecimento e retorno de energia, versus tênis firmes, que não são tão confortáveis” era outra das promessas do BOOST. No material de apresentação, a marca das três listras comparava o incomparável: “pense em um sofá e um carro de Fórmula 1. O sofá é super macio, mas quando você se afunda nele precisa de muita energia para levantar. Por outro lado, o carro de F1 é muito responsivo, mas muito duro. O BOOST combina os dois.”

Teste, Evolua, Modifique

“Energia encapsulada” era outra expressão marqueteira usada pela ADIDAS para vender sua nova tecnologia. E não havia nada de errado com isso.

Diferente das entressolas comuns, nos modelos dotados de tecnologia BOOST a região que fica entre o cabedal e a sola do tênis não era feita de camadas de material, e sim resultante da união das tais pequenas células de TPU soprado, que possuíam capacidade de absorver impacto e devolvê-lo em forma de impulso (energia), o sonho de qualquer calçado esportivo.

Quase três anos anos depois, vemos o BOOST se infiltrar pelas diferentes categorias da ADIDAS. O que começou na corrida passou para modelos de basquete, onde “impulso” e “amortecimento” também são características cruciais, para o skate e futebol, até chegar nos modelos casuais da linha ORIGINALS – aqui incluídas as duas primeiras silhuetas assinadas por Kanye West para a marca alemã e todos os diferentes integrantes da família NMD.

 

 

    

    

   

O uso do BOOST sofreu modificações ao longo desses anos, saindo de áreas localizadas e se expandindo para todo o solado dos tênis, conforme nos explicou Mikal Peveto – diretor sênior de “Future Running”, a parte da empresa encarregada de olhar para o futuro, juntando design, pesquisa e desenvolvimento para criar os produtos que usaremos daqui a alguns meses – em matéria publicada na REVISTA SBR número 8: “Adi Dassler, o fundador da ADIDAS, costumava usar sempre a expressão ‘teste, evolua e modifique’ e foi exatamente o que fizemos desde o ENERGY BOOST (o primeiro tênis com a tecnologia) até o ULTRA BOOST”.

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Foto: Oregon Live

“O BOOST tem todos esses atributos técnicos, mas, para a maioria das pessoas, ele é simplesmente confortável. No fim do dia, a decisão de comprar ou não um novo par de tênis é muito baseada no conforto”, elabora Peveto, que continua, tentando explicar o sucesso do material/sistema de amortecimento fora do universo esportivo: “nós realmente fizemos nosso trabalho com os corredores: o produto funciona e os consumidores querem usar os tênis porque ele também são bonitos. A função dita a forma, mas não há motivo para a forma não ser bonita. Peça a qualquer pessoa para fechar os olhos e imaginar um tênis da ADIDAS e a resposta, normalmente, remete aos tênis simples do passado, sem construções rebuscadas – uma biqueira, passadores de cadarços, suporte no calcanhar, três listras…adicione BOOST e PRIMEKNIT à mistura e pronto, temos um campeão!”

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Foi exatamente dessa mistura de performance e estilo, passado e futuro que surgiram também os integrantes da família NMD – que desembarca no Brasil a partir de 17 de Março, primeiro com um grande pack de versões masculinas e femininas, e depois com novas cores e modelos ao longo desse primeiro semestre do ano.

Ah! Sobre um dos benefícios do BOOST que mais interessam ao apaixonados por tênis, Mika Peveto nos dá esperanças. Tecnicamente, o BOOST não hidrolisaria, nem oxidaria – dois processos de desgaste comuns aos modelos com solados de poliuretano e que determinam um prazo de validade médio de cinco anos para calçados com esse elemento.

Quando perguntado se poderia nos confirmar a verdade dessa afirmação, Peveto respondeu: “está vendo? Você acabou de descobrir uma outra razão para amar o BOOST!”. ;)

 

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