O Calendário De Sustentabilidade Da Nike Está Sofrendo Interferências

01 ago 2022

A NIKE pretende reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 90% até 2025. Esta é uma realidade de praticamente todas as grandes empresas, cientes de que o futuro do planeta depende da forma com que os produtos são concebidos, produzidos, consumidos e descartados.

O que preocupa é que a tendência está indo na direção oposta, parcialmente impulsionada pelo aumento do uso de couro. Tal fato tem ocorrido devido à alta demanda pelos icônicos JORDAN, DUNK e AIR FORCE 1. Essa grande parcela de consumidores, entusiasta desses modelos e de suas trajetórias cheias de relevância e história, colocam a empresa numa situação complexa.

A popularidade desses modelos fez a NIKE usar, no último ano, 35% a mais de couro, material que tem grande impacto na geração de carbono e que, obviamente, vai na contramão dos planos sustentáveis da companhia. O AF1, por exemplo, celebra 40 anos em 2022, e tem sido um dos principais SKUs (stock keeping unit) do ano.

A iniciativa “MOVE TO ZERO” traz versões produzidas com reciclados no cabedal, no sintético com cara de camurça e até mesmo nos cadarços. Caixas e a tinta de impressão também têm recebido atenção, mas o desejo pelos modelos de construção original, segundo a própria NIKE, tem superado o restante da linha no que diz respeito aos números de vendas.

“O que é mais importante, metas financeiras ou metas de pegada de carbono? No final das contas, a Nike quer vender mais Jordans porque há demanda e as empresas estão sempre procurando aumentar a receita”, disse Ken Pucker, professor sênior da Tufts University e ex-executivo da Timberland. “Isso vem antes de cumprir uma meta de emissões.”

Enfim, mais um desafio extra para as marcas e, por consequência, para a própria questão climática. Gostamos (e queremos) produtos com materiais de alta qualidade e construções originais, mas até que ponto isso torna nosso futuro ainda mais incerto? E os produtos de matéria-prima reciclada, não deveriam ser mais acessíveis, para que representassem uma fatia maior das vendas? São questões em aberto, tanto para a consciência de cada um quanto para as grandes organizações. O certo é que o planeta não pode esperar por muito mais tempo.

Fonte: Business Insider

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