SBR Por Aí: Conhecendo As Instalações Da PUMA Na Alemanha – Capítulo 1

EDITORIAL
22 abr 2019
Por: Gerson Gomes

Na semana passada, fomos convidados pela PUMA a conhecer suas instalações na Alemanha e conversar com alguns de seus executivos sobre assuntos que tinham como principal ponto o RS, desde a origem do primeiro modelo até os novos produtos do que agora é uma família, oriundos de uma nova plataforma.

Nessa mini-turnê, fomos até Herzogenaurach, cidade aonde a família Dassler começou sua confecção de calçados e aonde os irmãos Adolf e Rudolph começaram a trabalhar juntos em modelos esportivos, depois trilhando caminhos próprios, com Rudolf começando com a Ruda – formada das iniciais de seu nome e sobrenome – e que depois se transformou em PUMA, querendo trazer o espírito do felino para seu empresa.

Em meio a nossas caminhadas internas, conhecemos produtos que ainda chegarão ao mercado nos próximos meses – e sobre eles não podemos falar absolutamente nada – além de alguns dos diversos ambientes dos prédios, um deles com itens históricos da marca estão expostos em uma ponte, que serve de cenário para uma linha do tempo de produtos esportivos, apresentados em uma visita guiada por Helmut Fischer, o tão conhecido Mr. PUMA – que também empresta cerca de 8000 pares de seu acervo pessoal para um respeitável museu, que conta a história da marca, mas sobre isso falaremos depois.

Hoje, no primeiro capítulo dessa série, é dia de revelar o papo que tivemos com Maria Valdes Vasquez, Senior Head de PLM Sporstyle Footwear, que apresentou e explicou as próximas coleções de calçados da marca, alguns projetos especiais e depois conversou sobre passado, presente e futuro da PUMA. Confira a seguir a entrevista:

SBR – Olá Maria, primeiro de tudo gostaríamos muito de agradecer o convite. Nós estamos aqui em nome de todos os fãs brasileiros da PUMA, planejando falar sobre passado, presente e futuro da sua marca. Claro que também falaremos do RS e sobre outros assuntos,  mas acho que podemos começar falando sobre sustentabilidade e dos planos da PUMA para reduzir desperdícios, uso de água e materiais. Gostaríamos de saber se vocês têm esse plano e se você pode falar a respeito.

Maria – Definitivamente sim e eu acho, falando como marca, que isso está se tornando cada vez mais e mais importante. Não apenas porque eu acho que temos nossa responsabilidade, mas porque também realmente acreditamos que assim o consumidor final irá escolher melhor suas marcas preferidas. Eu acho que, atualmente, em especial para as novas gerações, isso é algo em que eles estão de olho e nós queremos seguir um caminho de muita credibilidade. É claro que em paralelo há muito avanço, muito mais coisas que estamos fazendo, temos visto que na indústria de calçados isso vem avançando cada vez mais rápido e estamos planejando a nossa parte para o final desse ano, vista de diferentes ângulos. O ponto alto vai ser uma colaboração uma escola de moda high-end, com sede em Londres, que nos ajudaram no início, porque, no final da contas, eles são consumidores finais e juntos criamos uma coleção cápsula, onde nos concentraremos principalmente em reduzir a quantidade de água envolvida no processo. Quando falamos da área Sportstyle, essa será uma tendência para as nossas cápsulas, mas podemos falar dessa história uma outra hora. Definitivamente, esse é um foco para o futuro. Definitivamente vemos que o consumidor está focado nisso e estamos felizes em fazer tudo de uma maneira muito autência.

SBR – E sobre os produtos: você vê lugar para produtos híbridos ou derivações que têm algum tipo influência de produtos esportivos, como chuteiras de futebol criando produtos sportstyle? Quão grande é esse desafio para você, de fazer com que esses produtos, usados em quadra, talvez, se transformem em algo que as pessoas queiram colocá-los em suas listas de desejo, por exemplo?

Maria – Eu acho que hoje a indústria está brincando bastante com isso. Como dizemos, esporte é cultura e cultura é esporte e essa é uma das belezas da nossa marca, porque passamos muita credibilidade em ambas as áreas. Temos muita credibilidade na parte esportiva, porque temos atletas muito fortes e também produtos de performance muito fortes, mas, ao mesmo tempo, nossa marca é muito forte no ambiente mais fashion. Então acho que os híbridos, quando vêm de nós, têm muita autenticidade, porque podemos pegar nossas influências não apenas da área esportiva, mas também da moda, sendo muito verdadeiros com nós mesmos e com com nosso DNA.

SBR – É muito importante para nós ouvir você dizendo que tem que ser verdadeiro para vocês e para as pessoas, não apenas um historinha de alguma coisa…

Maria – E eu acho que esse é um dos grandes sucessos do RS-X. O RS-X vem respondendo muito bem à tendência dos tênis volumosos. Você pode ver por aí milhares de opções, mas, primeiro, pegamos uma tecnologia lá de trás, dos nossos catálogos, que naquela época foi uma enorme invenção, e a reinventamos. Escolhemos usar nossa herança e a trouxemos de volta como uma história muito autêntica. Eu vejo que, hoje em dia, os consumidores têm muita informação, então se não contar uma história muito real do processo de criação do tênis e for só uma conexão criada com fins de marketing, eles vão se ligar e vão te apertar.

SBR – E não vão comprar…

Maria – Sim! Exatamente.

SBR – Uma outra coisa que eu vejo é que, se pensarmos em dois anos atrás, nós podíamos ver tecnologias como EVOKnit e Ignite, que nasceram para produtos de performance, e estavam sendo utilizadas em produtos lifestyle. Hoje, nós estamos voltando ao final dos anos 1990 começo dos anos 2000 e o RS é um exemplo: nascido 35 anos atrás, ele não é apenas um produto, mas, sim, uma plataforma para uma nova família…

Maria – Isso. Nós temos que fazer as coisas conforme as demandas. Há casos em que vemos tecnologias de áreas mais técnicas, que ainda são relevantes para serem utilizadas na moda. Em alguns casos, nós resgatamos apenas a tecnologia, em outros apenas o visual, mas há que se entender qual a tendência do momento. Hoje é tudo sobre peças, volumes e sobreposições, então não estamos mais na onda dos tricôs, ou do EVOKnit, como você disse, mas podemos estar no futuro, quando as coisas saírem dos grandes volumes e nós tivermos oportunidade de fazer esse cruzamento dos mundos novamente. Eu acho que ainda ficaremos nessa brincadeira nas duas direções: hoje temos os volumes ditando as direções das criações, mas nas próximas estações poderemos ter momentos em que a tendência da moda vai se alinhar com a performance, novamente.

SBR – Eu também acho que essa tendência é a razão principal, porque, alguns anos atrás, procurávamos por uma intersecção…

Maria – Eu acho que é isso! E acho também que os consumidores estão procurando tênis com os quais possam passar todo o dia. A não ser, é claro, os momentos em que eles vão para a academia ou vão praticar um esporte, quando advertimos sobre as diferenças e esperamos que eles os troquem por outro produto específico para a finalidade. Mas as garotas e os garotos de hoje em dia querem usar tênis com tudo e uma das coisas legais de atualmente  é como você vai vestido ao trabalho ou para uma viagem…é uma das coisas mais legais da nossa indústria hoje, porque os tênis não são mais “informais”. Eles são glamurosos e fashion.

SBR – E daí vem uma outra pergunta: trabalhando numa marca esportiva, o que você acha das marcas high-fashion, cada vez mais, criando seus próprios tênis ?

Maria – Acho que essa é uma questão que você pode enxergar como positiva ou negativa. Isso é realmente desafiador, porque temos muito mais competidores no mercado. Nós nunca imaginaríamos marcas de luxo como competidores, pouco tempo atrás, e agora temos visto competidores surgindo até de outras direções, como as marcas de fast fashion também se aventurando nesse universo. Por isso mesmo é tão importante nos mantermos verdadeiros a nossa herança esportiva e levá-la adiante, porque poucos podem fazer isso de maneira autêntica. Hoje, temos poucos e grandes nomes no mercado que podem fazer tênis tecnológicos e confortáveis com credibilidade, da mesma forma que há muitods daqueles que vão apenas copiá-los. Por isso, temos que puxar essas tendências e, “uh-lah-lah”, nos mantermos como únicos no mercado.

Fotos: Guilherme Theodoro

SBR – Novamente, gostaríamos muito de agradecer pelas informações, pela oportunidade que tivemos de conhecer sobre o seu universo dentro da PUMA e sobre os produtos.

Maria – Vocês são muito bem vindos aqui, e, de novo eu digo, que eu, como latina, sinto um enorme prazer em ter vocês aqui no nosso QG. Criar tênis é um mundo que eu amo e fico muito feliz que mais pessoas na America do Sul se inspirem nisso e possam ter mais e melhores informações sobre o nosso universo aqui dentro. Muito obrigado!!!

Amanhã, na parte 2 dessa série, traremos a conversa que tivemos com Charles Johnson, Diretor Global de Inovações da PUMA. Não perca!

 

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