SneakersBR e Kickstory Apresentam: adidas Home of Classics – Sheik

EDITORIAL
07 nov 2019
Por: Jaime Ha

Apresentado por adidas Originals

O pack HOME OF CLASSICS da ADIDAS ORIGINALS traz uma releitura de grandes clássicos da marca, novos ou antigos, em versões super caprichadas no seu acabamento, execução e cartela de materiais, sempre com couro branco na sua maioria.

De visual simples, a ADIDAS acredita que um tênis todo branco é uma tela a ser pintada e que nenhum par no mundo é igual a outro e que são os próprios donos que irão colocar suas próprias histórias particulares neles.

Em parceria com a ADIDAS ORIGINALS, o SNEAKERSBR convocou três contadores de história brasileiros, KICKSTORY, WHATAZINE e NOTTHESAMO, para encontrar e contar histórias peculiares.

Fechando a série, o KICKSTORY trouxe o customizador SHEIK.

“O Sheike começou em 2007, fazendo customização e restauração de tênis, mas o meu forte foi restauração. Sou aqui do ABC, moro há 43 anos mais ou menos. E eu tinha bastante cliente de fora, principalmente na customização e, devido a outro trabalho, acabei deixando um pouco de lado e fui fazer outro serviço. Mas a demanda dos tênis sempre ficou comigo. Eu coleciono desde os anos 80, muitos tênis eu conquistei depois que eu peguei um trabalho mesmo pra conquistar porque era tênis caro, acabava não dando pra comprar. Muitos eu tenho de mais de 20 anos, que parece que são novos, como esse daqui.”

E como você se interessou e começou a fazer restauração e customização de tênis?

Eu sempre trabalhei com arte. Eu fazia protótipo de desenho de brinquedo como desenhista para uma empresa, eu fiquei uns 8 anos lá. E aí tinha um rapaz lá que era gerente que tinha uma fábrica de sapato e ele levava os trabalhos lá e eu desenvolvia toda arte do sapato. Só que como eu era muito ligado aos brinquedos, eu fazia o serviço nos sapatos pra ele e nem me ligava muito se aquilo lá ia ser bom pro futuro, porque eu tava empregado e eu gostava do que fazia. Todo o protótipo e desenvolvimento era na mão, tudo no pincel, na régua.

Depois eu fiz Panamericana de Arte, que na época não era faculdade, era só curso técnico. E para eu pagar o curso, eu fazia nome em arroz. Era muito louco. Tinha um pessoal que gostava pra caramba e vendia bastante. Com isso, também conquistei um monte de profissionais pra dar uma força. E aí foi indo, a arte foi isso. Um dia tava de boa em casa, aí eu vi um trampo dahora em tênis, eu falei “ah legal, posso tentar”. Foi aí que eu comecei a fazer o primeiro tênis, que foi o da minha filha. E nisso, era a época do Orkut, eu coloquei lá e o pessoal foi gostando. Depois eu comecei a restaurar os meus próprios tênis porque eles estavam lá muito velhinhos e eu falei “ah meu, eu vou deixar eles novos de novo”. Aí eu colocava lá e o pessoal achava que eu tinha comprado na loja um dia antes. Foi seguindo como um hobby que durou um tempão, dura até hoje, muita gente me procura, principalmente colecionador. É bem legal!

 

 

E na época que você começou a fazer customização e restauração de tênis você já curtia tênis?

Já curtia tênis. Eu acho que o meu forte foi por causa disso. Porque, além de eu querer ter todos os modelos da época dos anos 80, eu já adorava tênis. Então não era uma coisa que “aí, vou ganhar dinheiro com tênis porque vai virar”. Era uma coisa de gostar mesmo. Então falei vou investir nisso daqui, eu gosto, vai dar certo.

 

E qual foi o momento que você percebeu que realmente gostava de tênis?

Isso chegou na época dos bailes mesmo. O Nostalgia, o baile que tinha aqui no ABC, e São Paulo, da época dos anos 80. Tinha muitos tênis que a gente não tinha condição de comprar, e aí um amigo emprestava um pro outro. E corria o risco de ser assaltado, porque naquela época o pessoal roubava muito tênis e jaqueta. Foi daí que eu comecei, eu ficava louco por causa de tênis. Principalmente os tênis do momento. E aí eu comecei arrumando o meu pra depois pegar o dos clientes.

 

E hoje em dia você faz mais trabalhos de restauração, ou de customização?

É, mais restauração. Eu pego algumas customizações, mas é muito raro. É mais restauração mesmo. Avaliação, ver se o tênis tá intacto pra isso, se tem estrutura pra que dê para mudar. E muitos compram tênis até novo, modelos novos aí, principalmente adidas, pra mudar a cor. A pessoa compra, mesmo que a cor que ela quer não tem mais na loja, aí eu vou lá e transformo na cor que ele quer.

Tinha um pessoal do meu bairro, principalmente a molecada, que eles gostavam muito daquele tênis pra ir pra escola e a mãe comprava um novo, mas ele continuava usando o velho. Parecia que, sei lá, era uma parte do coração deles mesmo. Aí eu acabei reformando os tênis antigos deles para eles continuarem usando. ​E fora colegas mesmo que às vezes chegava lá, precisava fazer um detalhe aqui, tá arranhado, não sei o que, “dá aí que eu arrumo pra você na humildade, vamo bora, vamo fazer aí”. Eu faço porque eu gosto mesmo. Se você falar meu vamo fazer, eu nem me importo quanto que vai ser, eu gosto tanto disso que parece que eu to fazendo pra mim, sabe? Então por isso eu acho que sai tão perfeito.

 

E porque de todos os seus tênis da sua coleção, você escolheu esse adidas Strider para fazer o Kickstory?

Ah, esse tênis aí ele representa muito porque é um tênis que eu tenho uma história de conquista. ​Quando eu era adolescente eu via muitos colegas meus usarem o Adidas francês como a gente chamava, o Roma, o Marathon, todos os clássicos, e eu não tinha como comprar. Então eu batalhei muito de moleque, trabalhei de office boy, para fazer uma renda pra poder comprar o tênis.​ Eu fiquei anos juntando e aí um dia eu consegui comprar. Esse é um dos tênis que eu juntei dinheiro pra comprar, eu cuido dele como se fosse um filho. Você vê que ele tá novo, ele tem muitos anos, mas parece que eu comprei ontem (risos).

Só uso ele nas horas certas, em momentos muitos especiais. Eu acabo limpando ele toda hora, eu usei ele aqui, aí chegou em casa, deixo ele quietinho lá, depois vou limpar. Não deixo jogado, não deixo zoar nada. E quando zoa um pouco eu dou um restauro e deixo lá. Tenho muito carinho por ele. Com ele e com todos os meus outros tênis na verdade, mas esse aqui é um dos mais especiais.

 

E no geral, qual é a sua relação com tênis?

Na minha concepção de tênis, vai muito de cada um. Tem pessoas que tem o tênis por necessidade de usar o tênis, não vão andar de chinelo, vão andar de tênis. Tem outros que realmente tem um carinho pelo tênis. Geralmente a galera que me procura são pessoas que gostam de tênis, pessoas que colecionam, ou que é um clássico que ele não pôde ter, ou lançou agora e ele fala meu eu quero fazer esse diferenciado pra mim. Então eu acho que representa pra cada um, um carinho muito grande. E para mim é uma paixão mesmo.Esse negócio de coleção é uma coisa muito louca. Você se apega tanto que você acaba comprando tênis sem ser o seu número. Eu acabei me desfazendo de muito tênis assim, porque era clássico, aí eu achava na internet, ia lá e comprava. Aí esse tênis era 35/36, eu calço 42. Eu já cheguei a comprar 40, esticar ele, e deixar ele numa forma lá vários meses, pra usar ele porque eu não achava mais daquele tamanho​. Eu queria usar aquele tênis. Pra você ver como que é a coisa louca de você gostar de tênis. E aí comecei a me desapegar nesse sentido. Eu falei “Não. A partir de agora eu vou comprar o meu número pra realmente eu sentir o gosto de usar o tênis”.

Eu cuido muito das palmilhas também, quando eu compro um número que é 41 ou 42, eu tiro elas. Eu coloco uma palmilha dessas mais simples, pra guardar a original. Tentar deixar o mais original possível. Esse adidas aí tá sem palmilha. Se tirar uma foto da palmilha, você pira. Tem até o dourado em volta. Enfim, hoje em dia, eu até compro os tênis normais, né? Os “sneakers” de hoje aí. Mas eu tento procurar os retros.

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