#TBT: Entrevista com Nina Graf-Vlachy, Diretora da Puma (Revista SBR ed. 10)

26 abr 2018

Toda quinta-feira nós resgataremos alguma matéria da Revista SBR que destacou as mulheres da indústria e do cenário sneakerhead!

Esta semana é a vez desta entrevista com Nina Graf-Vlachy, Diretora Global de Estratégias da Puma, que saiu na edição número 10, de agosto de 2016!

Mulheres No Comando

Uma Entrevista Com Nina Graf-Vlachy, Diretora Global De Estratégias da PUMA

por Ricardo Nunes
colaborou Jaime Ha

O tema “mercado sneakerhead para meninas” já não é mais nenhuma novidade, assim como não é o interesse crescente de meninas pelo universo do tênis (antes, bastante “clube do Bolinha”), e é cada vez mais perceptível o esforço feito por todas as marcas para atrair atenção das mulheres.

Como parte de um cenário maior, onde o “mercado sneakehead” é apenas uma fatia do bolo do mercado de artigos esportivos, o desafio mais importante tem sido fazê-las enxergar esse tipo de calçado não somente como “equipamentos”, necessários às horas de atividades físicas, nem tampouco apenas como “acessórios” eventuais de moda, que flutuam de acordo com a vontade das passarelas internacionais. Aliás, faz tempo que passarela, sozinha, não dita mais tendência e que a rua, real ou virtual é responsável por grande parte do que as pessoas querem vestir.

Qual o “calçado oficial das ruas”? Pois bem.

Nesse contexto, e dada a diversidade de perfis das consumidoras que se interessam pela cultura dos tênis – seja para praticar esportes, porque o termo “athleisure” está “na moda”, ou porque qualquer outro motivo –  a PUMA tem se destacado por um investimento que envolve o ataque em diversas frentes, indo da contratação da cantora Rihanna como diretora criativa, à aposta na sexy Kylie Jenner (uma das irmãs mais novas do clã Kardashian) como um dos rostos das campanhas da marca, passando pela criação de silhuetas e coleções especialmente pensada para elas, até chegar à associação com digital influencers específicas, como a americana Julz, rainha do streetwear de Miami, e do Snapchat.

Na empresa alemã, o mercado feminino vem ganhando mais importância e sobre esse tema conversamos com a executiva Nina Graf-Vlachy.

Nina é formada em Química, trabalhou como consultora para diversas empresas e hoje ocupa o cargo de Diretora Global de Estratégia na PUMA.

Apaixonada por esportes e praticante regular de corrida e yoga, foi ela quem nos falou sobre mulheres na linha de frente – do comando e do consumo – do mercado esportivo e sobre como tem trabalhado para ajudar a aumentar o interesse do público feminino por esse universo.

SBR: Por muito tempo, o mercado esportivo foi guiado por homens, tanto desenvolvendo, quanto vendendo e consumindo esse tipo de produto. Isso tem mudado, ao longo dos anos, certo? Como você vê a participação feminina nesse mercado e quão importantes são as mulheres para a PUMA?

NINA GRAF-VLACHY: Sim, realmente estamos mudando. As mulheres estão mais ativas e confiantes do que nunca! O mercado de produtos esportivos para elas está crescendo muito mais rápido do que o mercado esportivo, em geral. Por um lado, isso acontece pelo aumento no número de atletas amadoras, por exemplo, disputando provas de corrida toda semana, mas também temos essa tendência “fitness”, guiada por meninas que precisam de roupas e equipamentos para atividades diferentes, como yoga e zumba. Na PUMA, sempre tivemos uma conexão muito forte com o público feminino. No final dos anos 1990, fomos a primeira marca a unir esporte e moda (através de uma colaboração com a estilista Jil Sander) e hoje temos embaixadoras como Rihanna, ou (a jogadora brasileira de futebol) Marta, que comprovam que essa conexão é natural e autêntica.

SBR: Quais diferenças você visualiza entre consumidores masculinos e femininos, nesse mercado?

NINA: No passado, as mulheres só compravam artigos esportivos quando precisavam substituir uma peça antiga. Hoje em dia, isso faz parte de uma agradável e recompensadora atividade de compras, assim como acontece com os itens de moda. As mulheres querem estar bonitas, tanto na academia, quanto nas ruas, sem abrir mão do conforto e da versatilidade de um par de leggings. Especialmente para elas, a fronteira entre roupas para atividades físicas e moda está cada vez menos visível. Os homens ainda compram alguns produtos guiados pelo aspecto técnico. As mulheres, por sua vez, valorizam mais o caimento e menos o preço. Cada vez mais, elas estão curtindo os tênis, assim como nossos consumidores homens, e frequentemente formam fila para conseguir alguns produtos especiais, como os FENTY Creepers.

SBR: Quais têm sido as principais iniciativas da PUMA para aproveitar esse momento, então?

NINA: Recentemente, lançamos alguns produtos bem empolgantes, desenhados e desenvolvidos especialmente para as mulheres. Um exemplo é o Fierce, nosso mais estiloso calçado para treino, ou o Eskiva, uma silhueta inspirada nos calçados de boxe, que junta esporte e high-end.

Nossa coleção multi-categorias une o melhor da inovação com detalhes inspirados na nossa herança para oferecer produtos para as consumidoras realmente ligadas em moda. Assinamos vários contratos com atletas importantes, que vão ajudar a nos representar, e anunciamos uma parceria com o New York City Ballet, cujas bailarinas nos ajudarão nessa tradução do que é a mulher PUMA, estrelando um comercial, em setembro. Sem esquecer de toda a coleção FENTY by Rihanna, obviamente.

SBR: Essa parceria com a Rihanna merece um pouco mais de atenção…conte para nós como ela aconteceu, para onde pretendem leva-la e como é o processo de desenvolvimento dos produtos FENTY by Rihanna.

NINA: A Rihanna sintetiza a perfeita transição entre os mundos da moda e da música. Ela é uma incrível fonte de inspiração tanto para homens, quanto para mulheres de todas as idades e partes do mundo. Rihanna também é uma excelente embaixadora dos esportes, uma vez que ela treina bastante, o que a faz perfeita para a PUMA. Graças a ela, nós estamos desempenhando um importante e crescente papel no mundo da moda. Ela nos possibilita falar com propriedade e encontrar nosso próprio espaço nesse encontro da academia com as passarelas. Através da coleção PUMA X FENTY e dos seus papéis como Diretora Criativa e embaixadora da marca, a Rihanna se tornou muito próxima dos nossos times. Ela influencia diretamente a nossa coleção feminina, através do seu jeito não-tradicional e inovador de pensar esporte, bem-estar e estilo de vida. Na prática, ela se encontra regularmente com um time de criativos, em Los Angeles, para trocar ideias, fazer sugestões e desenhar.

SBR: Quão importantes tem sido a presença de celebridades femininas, como a própria Rihanna ou Kylie Jenner, nas campanhas da PUMA?

NINA: As duas incorporam elementos-chave aspiracionais das nossas consumidoras. Elas são auto-confiantes, determinadas ao sucesso e têm uma atitude bacana, além de serem “trendsetters” e terem uma legião de seguidoras.

SBR: Para encerrar, uma grande parcela das meninas que gostam de tênis ainda reclama bastante dos produtos femininos, quase sempre “menininhas demais” e cheios de cores como rosa e roxo. Elas dizem que faltam boas histórias, aliadas ao apelo estético, mas também não querem somente consumir os mesmos produtos masculinos, em tamanhos menores. Na PUMA, vocês têm se preocupado com as “meninas sneakerheads”?

NINA: Na PUMA, nós não adotamos o conceito “embale tudo de rosa” para criar produtos femininos. Nosso foco inicial são as atletas e não temos medo de apostar em produtos chamativos e ousados, que empoderem nossas garotas, sem comprometer o estilo, nem a performance. É claro que na linha “Sportstyle” também nos preocupamos com as garotas sneakerheads! Por isso colaboramos com ícones do streetwear, como Vashtie, Sophia Chang e Careaux, além de reinterpretar nossos ícones, como o Suede e o Baskt, em versões pensadas para elas. Nesse segundo semestre, por exemplo, pela primeira vez, a colaboração com a Stampd vai conter itens femininos, com uma linguagem própria, pensados para performance mas inspirados na moda. Mais para o final do ano, teremos novas cores do Creeper by Rihanna e estamos trabalhando em outras colaborações que ainda não posso falar, mas com as quais estamos bem empolgados!

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