Segunda Da Revista: Twothousand E Seus Chinelos One Star

03 out 2022

Toda segunda-feira nós resgatamos uma matéria de alguma edição da Revista SBR. Hoje, temos um “Eu e Meu Sneaker” que saiu na #14, em 2019 – uma edição especial para esse quadro. Vem relembrar!

Toda história é verdade

Esse “Eu e Meu Sneaker” é especial. Convocamos dez personagens, pessoas de lugares, carreiras, desejos e aspirações distintas, mas que em algum momento de suas vidas passaram a ter como companhia algum modelo da Converse. São apenas dez, mas, se possível fosse, com certeza existiriam centenas, milhares de outras que teriam o que nos contar. O que importa é que toda história vivida de coração, seja ela contada ou não, é verdade.

CHINELO E MEIA: MARCO TWOTHOUSAND

Two, como é conhecido pelas ruas do bairro do Bom Retiro, em São Paulo, é um entusiasta da combinação chinelo e meia. Por conta e por causa dessa preferência, tornou-se um colecionador/usuário de chinelos One Star, caçando mundo afora, cores e variações surgidas. “Tenho todas as edições, com as caixas das épocas. Esse é o ‘Slide’, mas existe um com as tiras trançadas, outro baseado no Chuck Taylor… Mas minha paixão é o One Star, com a mesma sola e camurça do tênis, a estrela refletiva… Detalhes que me chamaram a atenção desde o início.”

Falando nele, no início, vamos lá: meados dos anos 1980, Marco era uma criança, sem dinheiro ou tamanho para comprar discos, mas com curiosidade de sobra para vasculhar lojas de olho nas capas de LPs. E lá estavam diversos artistas calçando One Star. “Capas de LPs são mágicas!” Pense em ícones como Black Flag, Circle Jerks, Suicidal Tendencies.

Como o nome da loja da qual é sócio-fundador (Guadalupe) entrega, o estilo dos chicanos, imigrantes mexicanos, e da cultura lowrider sempre atraiu sua atenção. “Uma vez, vi numa revista uma foto dos caras usando chinelo e meia. Estava na sala de espera de um consultório e não tive dúvidas: arranquei a página e guardei no bolso, para depois ir atrás dos produtos que vi na foto.” Registro: numa era pré-internet, para sair fazendo a busca com as poucas opções que o momento oferecia.

“O primeiro chinelo One Star que consegui foi usado. Não estava tão surrado, mas estava bem sujo, trabalhei nele, dei uma restaurada. Usava pra ir pro trabalho, festa, balada, não tirava para nada. Eu ia para todo lado assim. Tinha dois empregos, trabalhava em loja na Galeria do Rock durante o dia e à noite trabalhava na balada. Ficava dezoito horas fora de casa, precisava de conforto, então passava o dia de chinelo e meia.” A combinação, para ele, vai além do estilo: “chinelo sem meia só na praia, e olhe lá! Acho até meio anti-higiênico ficar andando só de chinelo na rua”, complementa.

Voltando ao exemplar que apresenta, Marco acredita que ele não seja mais produzido há, pelo menos, 15 anos. “Esse que estou calçando foi comprado de um colecionador no Japão. Ele tem um solado meio plataforma, um pouco mais alto que o normal, acredito que só tenha saído por lá.” O Japão é bem perto para uma paixão.

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