Na primeira década dos anos 2000, a adidas lançou um projeto batizado “Grün”, verde em alemão, que já funcionaria como um ensaio do que a marca realizaria, anos depois. Através dele, ícones como Forum, Nizza e Superstar ganharam releituras feitas de algodão orgânico, materiais reaproveitados, borracha reciclada e outros materiais menos poluentes.

Em 2015, a adidas anunciou uma parceria com a Parley for the Oceans, entidade que retira plástico dos oceanos e dá um novo destino ao material. Por meio do projeto, o plástico que antes poluía o ambiente viraria fios de poliéster reciclado, usado em produtos da marca das 3 listras. O primeiro desses produtos foi um calçado com sola de Ultraboost, limitado a 100 unidades e distribuído entre atletas patrocinados e influenciadores de todo o mundo. Ano a ano, o projeto foi se expandindo, atingindo vestuário e acessórios, além dos calçados, de diversas categorias e se transformando em um case de sucesso.

No ano seguinte, 2016, a adidas anunciou uma nova fase do seu projeto Futurecraft, série de experimentações feitas para imaginar (e escrever) o futuro dos calçados esportivos. ‘Biofabric’ foi o nome dado ao material, totalmente biodegradável e feito a partir de uma fibra de bipolímero, chamada Biosteel. em cujo processo de fabricação são usadas as mesmas proteínas que as aranhas usam para construir suas resistentes teias garantindo durabilidade ao cabedal além de uma redução de 15% no peso em comparação aos materiais sintéticos. Além de ser 100% biodegradável, o novo material foi apresentado como completamente vegano. Porém, para que o processo de decomposição seja desencadeado, o ‘Biofabric’ precisaria entrar em contato com a enzima digestiva proteinase. Uma vez em contato com a enzima, o processo de decomposição levaria apenas 36 horas em um processo totalmente natural.

Já em 2018, 3 anos depois de iniciada a parceria com a Parley, a adidas anunciou ter atingido a marca de 1 milhão de pares de calçados feitos a partir do plástico reciclado. Para isso, foram usadas cerca de 11 milhões de garrafas Pet, retiradas do fundo dos mares.

No mesmo ano de 2018, a companhia alemã assinou um compromisso de acabar com o uso de plástico virgem em toda sua cadeia até 2024. Isso significa que, da produção aos pontos de venda, nada da adidas conteria plástico de uso único. A promessa vem sendo cumprida, tanto com mudanças grandes e visíveis, quanto com simples transformações, como os fios que prendem as tags aos produtos – antes de náilon e agora de algodão reciclado.

Uma corrida global, realizada em várias cidades do mundo, também fez parte dos projetos apresentados com a Parley. No primeiro ano, a meta era converter cada quilômetro corrido, e registrado no aplicativo Runstatic, em dólares, doados para a empreitada rumo à limpeza dos oceanos. 1 milhão de dólares foi a quantia arrecadada em menos de um mês.

Em 2019, a adidas apresentou mais uma etapa do projeto Futurecraft, agora batizado Futurecraft.Loop, o primeiro tênis de corrida da marca criado para ser 100% reciclável. Seu cabedal era todo construído em TPU e fusionado ao solado BOOST sem o uso de cola, para que materiais nocivos ao meio ambiente estejam cada vez menos presentes na cadeia de produção, tornando o desafio da reciclagem um pouquinho menor.
A ideia era que os tênis fossem retornados para a marca após o fim de sua vida útil, onde suas partes serão separadas, trituradas, derretidas e transformadas em um novo par de tênis, sem nada de desperdício de materiais ou produção de lixo.
Foram 200 pares distribuídos, numa primeira fase, coletados depois de algum tempo, triturados e transformados em uma nova cor do Futurecraft.Loop – que promete ganhar vida comercial a partir desse ano.

Desde 2020, a adidas sinaliza seus produtos ecologicamente conscientes com nomes como Primeblue – o náilon feito do plástico retirado pela Parley dos oceanos – e Primegreen – série de outros materiais feitos a partir de “lixo” reciclado, o que inclui restos de couro e borracha não virgem.

Painéis recortados de forma a aproveitar melhor os materiais, borracha reciclada, construções livres de uso de matéria-prima de origem animal. Essas são algumas características dos integrantes do projeto ‘Clean Classics’, onde a marca das 3 listras reconstruiu, em 2020, ícones como Superstar, SC Premiere e Stan Smith. A herança deixada pela coleção continua sendo usada na execução mais consciente de alguns dos modelos da linha Originals.

Desde o final do ano passado, o Stan Smith foi eleito como um ícone de sustentabilidade da adidas, acumulando o título com o de ícone do esporte e da moda, que já ostentava há mais de 40 anos. O painel traseiro verde, icônico na combinação mais conhecida do tênis, foi usado como gancho para uma campanha que anunciava 100% dos Stan Smith feitos de Primeblue e borracha reciclada, a partir desse ano – fora aqueles 100% vegan, sinalizados em seus cabedais. O projeto conta com a participação especial de personagens verdes da Disney, como o sapo Kemit, além do próprio Stan Smith – o ex-jogador de tênis – em si, que reforçam as dificuldades de sermos verdes, mas que esse é o único futuro possível. Um futuro em que o desperdício de plástico precisa ser combatido.