SneakersBR: Como que a Butter Goods começou?


Butter Goods: Desde sempre tivemos essa ideia de criarmos uma marca. A gente estampava as nossas próprias camisetas e Matt fazia shapes com o tio dele durante o colegial. Então sempre tivemos essa ideia de fazermos algo próprio. E, conforme fomos crescendo, vimos que um monte de marcas de skate australianas que a gente cresceu obcecado não existiam mais. Isso foi a fagulha para começarmos algo nosso. Peguei umas camisetas sem marca e sem uma grande ideia na cabeça. Quanto mostrei pro Matt, nós dois achamos que finalmente era a hora de dar um tiro mais certeiro. E estamos aí desde então!

SBR:Como a cultura do skate evoluiu ao longo dos anos?


BG:De algumas formas, ela mudou muito. Em alguns outros, na maioria dos casos, é muito cíclico.
O skate está de olho nos tempos de ouro em que eu e o Matt crescemos. Acho que a grande mudança é a forma que o conteúdo (vídeos e fotos) é consumido. Já se foi o tempo em que esperávamos meses para o último lançamento da 411 Video Magazine e compartilhar a fita VHS com os amigos. Havia algo especial em ter menos, então o que tínhamos tinha muito mais influência sobre nós e a nossa obsessão. Com a internet e ferramentas como o Instagram, é como se tivesse conteúdo demais, e essas mesmas cosias raramente tem a mesma vida útil.

Tudo é muito rápido, seja pro melhor ou pro pior.
 A ironia é que, eu acho que marcas como a nossa não existiriam em escala global sem essas mesmas ferramentas. Mas é legal saber como o skate era antes e é após o surgimento da internet. O mundo pré-internet influenciava muito como desenhávamos e agora podemos usufruir de todas as vantagens como distribuição e comunicação em uma era pós-internet.

SBR:Qual a importância da comunidade para a Butter Goods, e como ela impactou a marca ao longo dos anos?


BG:O skate é como se fosse uma grande comunidade. Oportunidades, equipes, viagens, todas essas coisas se expandem naturalmente através de conexões no skate.

SBR:Como o seu amor declarado ao jazz e hip hop dos anos 1990 reflete nas roupas e no design da marca?


BG:Eu tento não nos rotular em grupos específicos. Apenas boa música no geral. Mas eu me vejo muito voltado para o jazz. Para mim, ele combina tão bem com o slate. Seja sonoramente ou graficamente. É também uma oportunidade para nós celebramos artistas que, possivelmente, muito dos nossos consumidores nunca escutaram antes.

SBR:O que te fez topar trabalhar com a PUMA nessa colaboração?


BG:Sempre que vemos uma colaboração, tentamos olhar para elas da seguinte forma: a gente ia conseguir fazer essas coisas sem essa parceria? Se a resposta for sim, provavelmente não vamos seguir nessa direção. Eu acho que colaboração por colaboração é algo já saturado. Quando chegou a oportunidade de trabalharmos com a PUMA, ficamos muito empolgados em trabalhar com uma marca com uma história tão rica e arquivos tão profundos. Para mim, a parte mais empolgante no processo de criação é a descoberta seja para nós, como criadores, ou para o consumidor final na forma de produto finalizado.

SBR:Como a estética da Butter Goods interagiu com a PUMA?


BG:Nossas criações e o skate em geral são fortemente inspiradas pelo sportswear dos anos 1990. Então esteticamente, foi bem fácil de fazer essa conexão. Como a PUMA não tem uma linha de skate, foi bem divertido ir lá e reinterpretar algumas coisas sob essa ótica.

SBR:Quais peças dos arquivos da PUMA você se sentiu mais atraído e empolgado para criar com? E por que?


BG:O Suede! Ele é tão icônico. De uma forma estranha, é quase como se fosse um troféu poder intervir em um tênis tão icônico. Como o nosso é feito de veludo cotelê, ele não ia poder se chamar Suede, mas é exatamente a mesma silhueta.

SBR:A colaboração é calçada na nostalgia, inspirada nos anúncios esportivos do final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Você pode nos contar mais sobre o processo de criação e a inspiração por trás da colaboração?

BG:Como tinha mencionado antes, nossas criações são fortemente inspiradas pela época em que crescemos andando de skate. O finalzinho dos anos 1990 e início dos anos 2000 era cheio de cores, cortes largos e tecidos e acabamentos técnicos. Nós tentamos não ser muito frutos de uma época específica, se não seríamos meros cosplays. Sendo assim, nós tentamos misturar essa influência com outros elementos.

O processo foi divertido. Foi durante o COVID, então foi cheio de vídeo chamadas e emails. Nós nos enfiamos nos arquivos da PUMA, vasculhamos toneladas de catálogos antigos e pesquisamos online. Depois de algumas semanas de pesquisa, estávamos bem munidos para começar a desenhar. A coisa mais difícil foi estreitar o foco. Eram tantas possibilidades e tantas direções que a gente queria tomar…

SBR: Descreva como é a pessoa para quem essa coleção foi feita.

BG: Feita para nós! Egoísta ou não, nós geralmente criamos pensando em nós e nos nossos amigos. 


SBR: Fale um pouco sobre um look essencial ou a peça favorita que representa a coleção.


BG: Minha peça favorita é o Slipstream branco. Eu amo tênis inteiramente brancos e a silhueta final ficou bem legal.

SBR: Como você descreveria a coleção em apenas pouquíssimas palavras?


BG: Mil novecentos e noventa e nove.

SBR: Fale um pouco sobre um look essencial ou a peça favorita que representa a coleção.


BG: Minha peça favorita é o Slipstream branco. Eu amo tênis inteiramente brancos e a silhueta final ficou bem legal. 


SBR: Como você descreveria a coleção em apenas pouquíssimas palavras?


BG: Mil novecentos e noventa e nove.