Grandes Impérios: Irmãos Dassler E Os 100 anos Do Início De Suas Proles De Sucesso

EDITORIAL
03 fev 2025
Por: SBR Team

Mesmo já passado um tempo, não poderíamos deixar de retratar por aqui como que duas grandes potências do universo dos tênis chegaram a se tornar celebridades com carreiras consolidadas - mesmo com altos e baixos. Contaremos aqui um pouco sobre o centenário que nos ajudou a entender adidas e PUMA como presenças no mundo.

Filhos de um grande sapateiro da região em que viviam, e atletas de coração, os irmãos Dassler decidiram inovar e aplicar seus conhecimentos para ampliar o negócio da família, criando calçados esportivos.

Mesmo com a repulsa do pai sobre a ideia, por ser a favor dos sapatos tradicionais e sociais, Rudolf foi ao banco e solicitou um empréstimo para arcar com os custos da nova produção, enquanto Adolf desenvolvia esboços de designs que possam ser mais confortáveis e duradouros, além de mais leves, para ajudar no desempenho dos atletas corredores, principal foco da ideia - já que ambos eram corredores também.

No banco, os irmãos fecharam um contrato que hoje poderia ser avaliado em aproximadamente 23.000 euros, na moeda atual do país, que na época utilizava o marco alemão. Além disso, a dupla Dassler ficou responsável pelo fornecimento de tênis para atletas da seleção feminina alemã durante as Olimpíadas de 1924, em Paris.

Após isso, eles conseguiram expandir a pequena fábrica que funcionava na lavanderia da casa para um galpão, nascendo assim a intitulada “Gebrüder Dassler Schuhfabrik” (Fábrica de Calçados dos Irmãos Dassler), em 1924.

Depois de receberam uma encomenda de 10.000 pares dos tênis, os irmãos Dassler aumentaram significativamente a produção de sua fábrica e, consequentemente, seu quadro de funcionários, além de investir em máquinas de costura e modelagem mais modernas.

Em 1936, a empresa chega às Olimpíadas de Berlim com produção anual de aproximadamente 10.500 tênis, uma quantidade média estabelecida desde 1928.

Neste período, sob governo Hitlerista, e filiado ao partido nazista, Adolf busca dar mais visibilidade ao seu negócio propondo um acordo com o atleta afro-americano Jesse Owens, visto como melhor atleta da competição. Jesse saiu de lá vencedor de 4 medalhas de ouro, sempre exibindo os calçados Dassler nas capas dos principais jornais da época, o que fez com que a empresa fosse notada mundialmente e o marketing esportivo fosse "inaugurado".

Durante a Segunda Guerra Mundial, a relação entre os irmãos vai sendo corrompida pelo afastamento, pois Rudolf acaba sendo convocado para a guerra, onde foge do Exército Vermelho mas acaba sendo preso pela Gestapo pouco tempo depois. Consegue a liberdade com a libertação da Alemanha e volta a ser preso, sob acusação de espionagem pelo exército americano, e é liberado somente após um ano.

No período em que seu irmão servia na guerra, Adolf também sofre com alguns outros problemas, por ter que trocar a fabricação de tênis pela fabricação de artigos de guerra para o Exército Vermelho, o que acarreta no fechamento da empresa e confisco de bens no pós-guerra.

Atuando juntos novamente, mesmo com a relação desestabilizada, Rudolf e Adolf retomam as produções em 1946.

Com a ocorrência intensa de diversos conflitos entre eles, determinam a separação da empresa, em 1948, originando duas novas marcas.

A ADIDAS, formada pela abreviação do apelido de Adolf, “Adi”, e da primeira sílaba do sobrenome Dassller, na fábrica que já herdava, e também a RUDA, que utilizava a estrutura de nomeação da sua "irmã", só que liderada por Rudolf, que acabou não se adaptando com a sonoridade do nome e a nomeia PUMA, na margem oposta do rio que cortava a cidade.

Após o desentendimento no negócio familiar de calçados, houve ainda uma separação da população, que não podia ter relações com quem vivia e trabalhava para a empresa do outro Dassler.

Essa rivalidade entre os moradores da região foi se dissolvendo com o tempo, porém, entre as empresas, só ocorreu depois da morte de ambos os fundadores, com um jogo amistoso de futebol, em 2009, organizado por representantes das marcas.

Hoje, a dupla é referência e uma grande potência tanto no mercado esportivo quanto no casual, com designs inovadores e materiais tecnológicos. E tudo isso é fruto da “Fábrica de Calçados Irmãos Dassler”, que completou 100 anos em 1º de julho de 2024.

Guiada pela frase “Através do esporte, nós temos o poder de mudar vidas”, foi fundada em 18 de agosto de 1949 a ADIDAS, que iniciou as operações com 47 funcionários e, no mesmo dia, inseriu três listras nos calçados, o que se tornou a marca registrada da empresa.

Com muitas aparições nos pés de atletas do decorrer de várias Olimpíadas, ela foi sendo notada pela mídia aos poucos, mas foi em 1986, após se tornar inspiração da canção “My Adidas”, do grupo de rap Run DMC, que se imortalizou no mercado.

Pessoas ao redor de todo o mundo passaram a usar os famosos adidas Superstar, pois seus ídolos faziam questão de enaltecer esse tênis no maior hit da época - chegando a zerar os estoques de algumas lojas em pouco tempo. Desde então, o modelo passou a render inúmeras colaborações limitadas com grifes, festividades, artistas e temática de filmes - pauta que rendeu uma edição em preto e branco da Revista SBR para os 45 anos de "shell toe", em dezembro de 2014, entre as páginas 36 e 40, além de ser comentado no documentário Sneakerheadz, de 2015.

Não suficiente, a marca tem mais celebridades notáveis no seu catálogo de referências, como por exemplo o clássico que leva o nome do tenista Stan Smith, que até hoje conquista pessoas por todo o mundo.

Além disso, também há inúmeras coleções que celebram diversidade e inclusão com direção criativa de Pharrell Williams, por exemplo.

Outro destaque dentro da marca foi a linha de artigos YEEZY, sob o comando de YE - ou Kanye West. No princípio, quase tudo eram flores e as vendas esgotavam em questão de minutos pelo mundo todo, até o rompimento da parceria e o desencadeamento de atribuladas negociações.

Até meados de 2019, a adidas foi considerada a segunda marca mais rentável do mercado, quando tinha junto ao seu grupo, de 2006 a 2021, a Reebok.

Ainda falando de 2019, a marca que ocupava a terceira posição no pódio mercadológico era a PUMA. Nascida em 1948 e patrocinadora de Pelé na Copa do Mundo de 1962 - onde o Brasil foi campeão, é dela que falaremos agora.

Uma revolucionária no âmbito de tecnologia. Desenvolveu o primeiro tênis com sistema de fios internos que vão se ajustando ao pé, fornecendo praticidade e segurança desde 1991 - os famosos PUMA Disc.

Como CEO, Jochen Zeitz, que assumiu a posição em 1993, alavancou a empresa e fez com que sua imagem fosse renovada e valorizada, indo de marca de produtos baratos à empresa de materiais esportivos de qualidade, chegando a alcançar a terceira colocação no ranking das melhores marcas nos últimos cinco anos.

Seu portfólio conta com algumas silhuetas de renome, como o PUMA Suede, que nasceu pensada para o basquete, em 1960, e marcou o movimento Black Power – que lutava contra a segregação racial, nos Estados Unidos, ao ser utilizado por Tommie Smith, corredor que usava o tênis ao bater o então recorde mundial dos 200 metros rasos nas Olimpíadas do México.

Tommie fez história, junto ao Suede, ao subir ao pódio descalço e, como forma de protesto, fazer o gesto que é símbolo desse movimento, acontecimento que se tornou uma coleção celebrativa nos 50 anos da marca em 2018.

Depois disso, a PUMA passou a ser ícone dos b-boys – como retratado na série The Get Down, da Netflix – que customizavam seus tênis a bel prazer.

Nos anos 2000, ela passou a ter matérias primas com menos poluentes, fato que pode ser conferido em nossa 4ª edição da Revista SBR, de Julho/2013.

Ainda na estrada de sucesso, foi a marca usada por Usain Bolt, que obteve a melhor performance em provas de 100m, percorridos em 9,58 segundos, sem falar nos 200m alcançados em 19,19 segundos, fatos que o colocaram como o de homem mais rápido do mundo por muito tempo.

Em 2015, nomeou Rihanna como embaixadora, com sua linha Fenty, o que também colocou a artista na posição de diretora criativa de uma extensa linha feminina, que conta até os dias de hoje com tênis, vestuário e acessórios.

Dois anos depois, a atriz, cantora, produtora e embaixadora da UNICEF, Selena Gomez se junta ao time, criando coleções limitadas. E para comemorar um ano de história com a marca, lançou um tênis da linha Defy, que esgotou em pouco tempo de disponibilização, chegando a arrecadar cerca de U$100.000,00 para o “Fundo Selena Gomez de Pesquisas Para o Lúpus”.

Inspirada pela declaração “Eu me atrevo a fazer as coisas funcionarem. Eu não faço coisas por resposta ou controvérsia. Eu apenas vivo minha vida”, de Rihanna, a modelo e atriz Cara Delevigne também virou embaixadora da PUMA, rendando uma coleção feminina voltada para o conforto, praticidade e elegância, com peças recomendadas para o uso casual e para a prática de esportes, com toda a tecnologia dos materiais de primeira linha que a marca fornece.

Indo de encontro ao tempo presente, vemos que ambas as marcas tem explorado novos horizontes.

As duas trabalharam na inserção de seus designs no mundo virtual, no fortalecimento de novas potências nas artes e também na expansão da ambição antiga de elevar a performance de seus itens criados para a corrida.

A adidas, por exemplo, embarcou na onda de NFTs com a Doodles, com acervo completo pra vestir personagens por inteiro, assim como recentemente ocorreu dentro do Fortnite.

Não só isso: conseguiu levar um dos grandes nomes da cena musical brasileira, Pabllo Vittar, dragqueen maranhense que é ícone da comunidade LGBTQIAP+, à criação de seus próprios produtos e coleções, além do desenvolvimento de uma campanha para novos uniformes da MLS, a principal liga de futebol nos Estados Unidos.

No campo da representatividade, a Marca das Três Listras, abriu espaço para Taqwa Bint Ali exibir seu talento, com revisitadas ousadas aos arquivos da marca, evidenciando evidencia o acolhimento à sua criança interior e a relevância de quem usa hijab - que não costuma ser abordada no mercado comercial.

Em questão de velocidade, as Três Listras não tiraram os pés do freio com a evolução de linhas e tecnologias consagradas, como o BOOST. Após anos de sucesso, ela vê seu DNA sendo espalhado de diferentes formas, com direito ao estudo de esponjas marinhas que resultou na ZPONGE.

E por falar em velocidade, a marca das Formstripes, PUMA, segue se impondo no mercado e busca destaque nos pés dos corredores mais rápidos através de tecnlogias como a Nitro - que também se faz presente em calçados para outras práticas esportivas.

Rápida até nas mídias digitais, migrando das quadras para os videogames, a PUMA junto à NBA, tem lançado a cada dia mais projetos virtuais que divertem o público e aguçam o mercado para lançamentos no mundo real.

Mostrando que uma boa aliança merece ser renovada, a Fenty voltou a ser estrela nas manchetes com a atualização de modelos de outras temporadas, sem falar na revisitada a visuais do fundo do baú, que receberam uma nova identidade nos últimos tempos junto de mais um time de peso que você confere em nossa recorrente atualização de notícias aqui no site.

Aprender com o passado para construir um novo futuro é uma prática que ambas tem explorado com força, ao resgatar designs adormecidos nos arquivos com foco em sustentabilidade, durabilidade e honra ao que foi fundamental para a construção de seus impérios individuais.

Gostou de saber um pouco mais a fundo a história das proles de sucesso da Família Dassler? Já sabia de todo esse emaranhado de ocorridos? Fique ligado nas nossas redes sociais para mais conteúdos desse tipo!