De lá pra cá, a parceria só se fortaleceu, chegando, agora, a um novíssimo capítulo nos quais os pilares principais são design, inovação e sustentabilidade, mas que guarda camadas muito mais complexas de histórias, representadas no próprio desenho do produto.

Mas antes de falarmos sobre a nova sandália, vale relembrar, rapidamente, a trajetória desse designer paulista, que começou vendendo uma pequena coleção de camisetas e hoje é um nome reconhecido nacional e internacionalmente: depois de quase uma década à frente da Piet, Pedro Andrade expandiu seus horizontes criativos ao anunciar, em plena pandemia, o lançamento de uma marca mais autoral, “adulta e experimental”, batizada com o seu próprio nome – aos que não sabem, “Piet” era seu apelido de infância.

Como se as atividades fossem poucas (Pedro também acumula o cargo de diretor criativo da Guadalupe), Pedro ainda fundou a M.I.L, junto da também designer Paula Kim, um misto de escola de criatividade e marca de roupas e objetos, focada em compartilhar conhecimento sobre processo criativo.

“O planeta, hoje, nos força tomar decisões rápidas sobre sustentabilidade, tecnologia e até sobre a própria moda que eram ainda mais desafiadoras dentro da PIET. Por isso, decidi cria a Pedro Andrade como um espaço de experimentalismo, onde eu poderia me comunicar de uma outra forma com o meu consumidor, sem alterar a linguagem que já vinha sendo desenvolvida nas outras marcas”, explicou o criativo.

Enquanto isso, RIDER, uma das mais reconhecidas marcas brasileiras, se aventurava, cada vez mais, pelo território urbano e reforçava seu compromisso com sustentabilidade – um compromisso maior que a própria marca e que está presente em todo o grupo Grendene e já vem sendo implementado desde 2011.

O projeto R4, lançado no final de 2020, deixava mais claros os processos fabris implementados para uma produção eco-eficiente, extensivos a todos os produtos da marca, e não somente àquela coleção, como muitos imaginaram.

“Para nós da Rider, e no olhar da companhia de que fazemos parte - a Grendene - a sustentabilidade é um tema muito mais amplo do que geralmente é discutido ou abordado. A estratégia de sustentabilidade da Grendene estabelece metas e compromissos a serem alcançados em três grandes pilares: valorização e respeito às pessoas, operações ecoeficientes e produtos de menor impacto.

Estamos há mais de 10 anos produzindo com menor impacto. Encaramos o desafio como uma jornada que começou com a criação de um departamento e uma equipe especialmente dedicada para o desenvolvimento do assunto. Os nossos calçados são feitos de plástico de uso contínuo, aquele que tem longa duração e também é empregado em utensílios domésticos, computadores, brinquedos, na medicina, entre outros. Nossos produtos são 100% recicláveis, incluem 30% de material reciclado e não têm qualquer componente de origem animal (somos certificados Vegan pela Vegan Society).

Nossas fábricas são auditadas e certificadas pelas ABVTEX e somos reconhecidos internacionalmente pelo SMETA. Tais certificações garantem, através de auditorias, que todas as pessoas estão sendo respeitadas, garantindo a inexistência de qualquer tipo de discriminação, assédio ou análogos, que todos os direitos trabalhistas estão sendo cumpridos, que todas as necessidades de saúde e segurança são realmente vivenciadas pelas funcionários, e que todos os cuidados com o meio ambiente são tomados”, explicaram Alexandre Reis (Gerente de Marca e Comunicação) e Carine Pimentel (Analista de Marca).

“Essa sandália nasceu na coleção ‘Uniforms’, da PIET, desfilada numa das edições da São Paulo Fashion Week, em 2019. A demanda popular fez com que ela deixasse de ser um produto customizado, feito para a passarela, e trouxéssemos o desafio de produzí-la em escala comercial para dentro da nossa estrutura”, comentou Vinícius Sadério, designer de RIDER envolvido no projeto.

O produto nasceu já sendo pensado do “berço ao berço”, o que significa uma preocupação contínua com os impactos das matérias-primas no meio ambiente, com usar processos de fabricação que tenham o menor impacto e também em como esse calçado será destinado, após não ser mais possível usá-lo, reutilizá-lo ou doá-lo. Em relação ao fim do ciclo de vida, RIDER conta com estrutura no Brasil inteiro para acolher os calçados que não tenham mais condições de uso em parceria com os clubes melissa. Cada loja dispõe de um coletor, onde os produtos sem condições de uso podem ser descartados.

As emissões de CO2 equivalente foram estudadas através de uma metodologia reconhecida pela ISO e batizada “Avaliação de Ciclo De Vida – ACV” e nesse produto, em especial, foram aumentadas a porcentagem de material reciclado pré e pós consumo para 36%. As fitas e o cordão foram produzidos a partir de garrafas pet recicladas pós consumo e 30% da sola foi feita de material reciclado pré consumo, a partir do próprio resíduo de chão de fábrica.

“Gosto de criar coisas ‘esquisitas’, que causem um certo estranhamento nas pessoas. A RNEXT de bolso, da PIET, já era meio assim, falando de utilitarismo, versatilidade, futuro e esportes. Essa sandália de corda nasceu de uma vontade de levar RIDER para um terreno da moda mais contemporânea, em um momento em que eu estava olhando muito para amarrações de uniformes, ao mesmo tempo em que falava de Brasil, cipós, linhas orgânicas e inspirações asiáticas...”, explicou Pedro.

A complexidade na construção e a vontade de fazer um produto o mais sustentável possível acabaram se traduzindo em desafios fabris que só foram possíveis de serem superados graças à parceria das duas equipes. Parcerias e colaborações, a propósito, são outros dos pilares de RIDER, que enxerga a importância de sempre renovar suas criações trazendo esse olhar externo.

“A gente precisa estar sempre se provocando para continuarmos criativos e inovadores. Essa inquietude é que faz surgir o novo e que nos faz sempre surpreender nosso público. Criatividade e inovação vêm diretamente da rede com a qual a gente se conecta. Quanto mais pessoas conectadas e maior a diversidade entre elas, maior a chance de surgir algo novo e realmente inspirador”, concluiu Alexandre Reis, de RIDER.