No início da década de 1960, a adidas percebia a necessidade de expandir seus negócios para os Estados Unidos - a terra do basquete. As iniciativas se deram através de silhuetas destinadas à prática desse esporte.
O fundador da adidas, Adolf "Adi" Dassler, discordava do seu filho e gestor da empresa na ocasião, Horst Dassler, que acreditava na silhueta e, para torná-la uma realidade, encontrou numa fábrica do país vizinho a maneira de colocar a ideia em prática rapidamente. Podia terminar aqui dizendo que o resto é história, mas vale a pena descrever os passos seguintes. Os Boston Celtics, campeões da época, aderiram. Mesmo sendo de cano baixo, a novidade providenciava suporte e conforto. Em pouco tempo, 75% dos jogadores profissionais jogavam de Superstar no pé. O mercado do basquete passou a ser da adidas, que garantia 10% das suas vendas no esporte.
Em 1976, a adidas assinou contrato com o pivô Kareem Abdul-Jabbar, um dos maiores nomes da história do esporte. Um acordo de US$ 25.000,00 por ano, muito dinheiro pra época, quase nada se compararmos com os contratos de hoje.
Com a década de 1970 terminando, com o avanço da tecnologia e surgimento de novos e melhores modelos de quadra, inclusive da própria adidas, o Superstar foi deixando de ser a melhor opção mais eficiente. Era hora de saber onde o Superstar continuaria brilhando.
Na primeira metade dos anos 1980, explodia a cultura hip-hop e um grupo do Queens, em Nova York, se destacava por ditar as regras daquele forma irresistível: naturalmente. O Run DMC, pioneiro em muitas frentes, usava adidas da cabeça aos pés. Seus integrantes combinavam cores e arrancavam os cadarços, deixando a língua pra fora, uma homenagem aos amigos da comunidade que estavam na cadeia, onde cadarços eram vetados.
O Run DMC lançou, em 1986, a canção “My adidas”. Segundo o trio, “My adidas” era uma música sobre os tênis, mas não para falar quantos pares eles tinham e, sim, responder àquelas pessoas que (pré) julgavam os b-boys e b-girls pelo jeito com que eles se vestiam.
Nesse mesmo 1986, durante um show no Madison Square Garden, no aguardado momento de “My adidas”, o grupo convida a plateia a levantar seus tênis pro alto. Entre os 40 mil fãs que lotaram a casa, estava um representante de vendas da companhia alemã, que foi lá a trabalho e acabou testemunhando a história acontecer: milhares de adidas Superstars erguidos. Depois desse show, o Run DMC se tornou o primeiro grupo de rap a ter um contrato assinado com uma marca. Foi a primeira vez que uma marca esportiva se utilizou da imagem de alguém da música para promover seus produtos.
Depois do esporte e da música o Superstar passava a ser visto em algo menos categorizável e, portanto, formado por um pouco de cada coisa: o skate. Nomes como Mark Gonzales e Keith Hufnagel adotaram o modelo muito graças ao reforço do “shell toe”.
Relevante historicamente, forte comercialmente: em 2016, já com 46 anos de história, o adidas Superstar foi o tênis mais vendido do ano nos Estados Unidos. Em 2017, ficou em segundo lugar. A brasileira Anitta foi uma das personagens da campanha que celebrou os 50 anos de Superstar, completados em 2020. Uma festa sem data para terminar.